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Crítica: A Entidade 2 (2015)

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O filme começa com o pé direito no quesito de roteiro, introduzindo o conhecido vídeo familiar que se torna um macabro registro de assassinato em massa no formato de sonho. Daí o menino Dylan (Robert Daniel Sloan) acorda desse pesadelo, ou seja, marcando uma premonição, algo fadado a acontecer, mas em poucos segundos já joga a cena dentro do lixo narrativo que alguns tem a audácia de chamar de terror nos dias de hoje.

Na continuação do promissor, porém decepcionante, A Entidade (2012), revisitamos a maçante rotina de Kabul, o bicho-papão ou como este crítico prefere chamar: o Slipknot Slender, enquanto este tenta novamente coletar mais uma criança retardada para sua legião de crianças retardadas. Kabul é um monstro que possui um design no mínimo curioso, que nunca é explicado e aí temos um de vários pontos decepcionantes acrescentados no filme, e sua origem também curiosa passa batida por todos. Ninguém liga. I’m Kabul, I’m cruel, deal with it.

O filme se arrasta enquanto Kabul fica mais e mais decepcionado com suas crianças serviçais retardadas que não conseguem recrutar uma criança mais retardada ainda para sua legião. No fim das contas se revela que a tal premonição da cena inicial não era premonição coisa nenhuma mas dane-se porque Kabul é Kabul tá entendendo? Aí no fim o Kabul vai lá e resolve a parada, num Deus Ex Machina do mal, um “Diablo Ex Machina”. Isso foi interessante por mais que seja só um erro crasso de roteiro. De resto a história segue o padrão mega retardado de sempre, fica de dia pessoas conversam, fica de noite suspense e mais suspense, nada acontece, jumpscare. O protagonista é o ex-sherife So & So (James Ransone) que localiza a próxima casa onde Kabul se instalou em que mora a família Collins, a mãe Courtney (Shannyn Sossamon) e seus dois filhos, Zachary (Dartanian Sloan) e Dylan.

O roteiro é extremamente promissor, primeiro pela cena introdutória que cria uma noção de premonição, de inevitável, que nos prende no filme de fato. O problema é que o roteiro não explora essa noção de inevitável, que foi o que existiu no primeiro filme e o que fez a narrativa como um todo ser interessante. Kabul vai conseguir o que ele quer, fim.

O filme mesmo assim tropeça e se estabaca todo porque ele fica girando em torno da mesma baboseira do primeiro filme, a diferença é só que dessa vez ele nos mostra o ponto de vista da criança ao invés do ponto de vista do adulto (que foi o foco do primeiro filme e esse adulto foi o pai, o escritor Ellison Oswalt, interpretado por Ethan Hawke. Por trazer esse outro lado o filme é interessante, mas ele se perde do gancho inicial e se torna um draminha do menino que não consegue ser corajoso e etc. A cena mais decepcionante de todas é a cena do confronto, a cena que o sonho na primeira cena apresenta e o momento onde a criança sucumbe ao seu destino e o palco está armado, todos estão prontos, tudo indica que a porrada vai comer e o sangue vai jorrar, finalmente! Mas não, voa um sanguezinho lá e pronto, acabou. Passa uma água e enrola num pano, pronto, zero bala. Essa cena inclusive lembra bastante a cena do confronto no labirinto em O Iluminado (1980) mesmo sendo mais curta e menos intensa.

Se girasse em torno da inevitável conclusão que se mostra no vídeo, ou seja, a criança não pode evitar que aquilo aconteça pois se trata de um poder maligno e poderoso demais, seria bem melhor. Se o foco fosse em apresentar todas as ferramentas que farão parte da mórbida noite do vídeo com o qual Dylan não para de sonhar e sua lenta mas certa concretização o suspense se manteria com mais sucesso. E se não houvesse absolutamente nenhum desses jumpscares nojentos e safados, que são tão previsíveis que você sabe o frame que vai ser, o filme ia melhorar oitocentos milhões. Uma coisa digna de crédito é a maravilhosa atuação do elenco mirim, com destaque especial ao garoto Milo (Lucas Jade Zumann) que encarna um jovem psicopata frio e manipulador com maestria. Nos diálogos o roteiro merece crédito também, mas só nos momentos onde o elenco mirim interage e nos diálogos que envolvem o protagonista So & So, que é bastante carismático apesar de seu jeito abobalhado e simples.

Esse filme é muito ruim. Se não tiver nada interessante passando, assista pelas atuações mirins e porque Kabul é o cara. Kabul: o terror dos novinhos. Esse devia ser o título desse lixo de filme, seria mais atraente.

Nota Final  (Regular)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 03 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Sinister 2 (2015)
Duração: 1h 37min.
Roteiro: Scott Derrickson. 
Produção: Jason Blum, Scott Derrickson, James Moran e Brian Kavanaugh-Jones.
Direção: Ciarán Foy.
Elenco: James Ransone, Shannyn Sossamon, Tate Ellington, John Beasley, Nicholas King, Ethan Hawke e Juliet Rylance.
SINOPSE
Courtney (Shannyn Sossamon), uma jovem mãe solteira e superprotetora de dois gêmeos de 9 anos, se muda com os filhos para uma casa em uma área rural de uma pequena cidade. Logo, ela descobre que o local foi palco de estranhos acontecimentos e que sua família está marcada para morrer.

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