Crítica | Star Wars - O Despertar da Força (2015)

Quando um novo episódio foi anunciado, após a venda da franquia para a Disney, a apreensão foi grande: aquele mundo mágico criado por George Lucas iria render mais um capítulo. O que poderíamos esperar? Mais um “Ameaça Fantasma” ou “Uma Nova Esperança”?

Felizmente, J.J. Abrams entrega um excelente trabalho que traz novos fãs para a franquia e que conforta os fãs da trilogia original. Alguns dizem ser um remake do episódio IV, mas isso não faz muito sentido. O filme é uma grande homenagem a elementos que ficaram eternizados pelos episódios IV e V, porém traz uma proposta totalmente nova. É olhar para o futuro da saga, sem esquecer o passado.

Se o Império caiu no Episódio VI, aqui ergue-se uma nova forma de autoritarismo: a Primeira Ordem. Em uma clara alusão ao nazismo, General Hux (Domhnall Gleeson) - a personificação de Hitler com seus discursos inflamados - assume a liderança de um exército de stormtroopers treinados desde crianças para servir à Ordem. Até mesmo o gestual fascista é replicado enquanto um travelling nos mostra a grandiosidade alcançada pelo exército liderado por Hux. Porém, algumas críticas que vêm sendo feitas ao roteiro é como a Ordem conseguiu crescer tanto, trinta anos após a queda do Império. Particularmente, não é uma questão que me incomoda. Há muita história para ser desenvolvida ainda e não precisamos de todas as respostas por agora.

Entre os cabeças da Primeira Ordem, o vilão Kylo Ren (Adam Driver) é o grande destaque do filme, se mostrando o melhor personagem. Ele é tudo o que pedimos para um personagem que está do lado negro da força, um ser humano. E como ser humano ele é dotado de fraquezas e medos. O seu maior medo é não se tornar tão grande quanto Darth Vader. E ele tem consciência que não é. Ren é um menino mimado, que não aceita os fracassos e tem acessos de fúria (excepcionais, diga-se de passagem). Com a máscara, ele é imponente, grande. Sem ela, ele é apenas alguém tentando ser grande. Esse o maior acerto na construção do personagem.

Além de Kylo Ren, mais dois personagens novos merecem  destaque: Rey (Daisy Ridley) e Finn (John Boyega). Finn é um stormtrooper que se rebela contra a primeira ordem após a sua primeira batalha, na qual se recusa matar pessoas inocentes. É a primeira vez que vemos um stormtrooper humanizado. E é a segunda vez que vemos sangue no universo cinematográfico de Star Wars (a primeira vez é no Episódio IV). Nessa fuga, Finn encontra Rey no planeta Jakku, uma garota solitária que espera a volta dos pais. Essa mesma Rey, mais tarde descobre o poder da força, respondendo a um chamado do antigo sabre de luz de Anakin Skywalker. A força é tão bem explorada nesse novo episódio que quem a domina consegue extrair informações da mente. E não é só isso: Kylo Ren consegue parar o raio de um blaster no ar, fazendo disso uma das cenas mais marcantes do filme.

E falando em cenas marcantes, a luta final entre Rey e Kylo Ren é algo para qualquer fã delirar. No confronto, os dois lados da força são equilibrados: de um lado uma Rey serena e calma, tentando bloquear qualquer emoção do momento; de outro, um Kylo Ren furioso e desequilibrado, assim como seu sabre de luz que não possui uma energia concentrada e reflete o desequilíbrio emocional de seu dono. SPOILERele com seu mesmo sabre de luz mal feito, em uma cena anunciada desde o início, mata seu pai, talvez o personagem mais querido de todas a saga, Han Solo (Harrison Ford) . Uma cena lindíssima e necessária, pois um ciclo se fecha. O desapego a personagens clássicos que precisam sair de cena para dar espaço aos novos.FIM DO SPOILER Mas nada aqui é frio; tudo é feito com o maior respeito aos fãs. Um grandioso recomeço. O despertar da força.