Quantcast
Channel: Portal Crítico
Viewing all articles
Browse latest Browse all 89

Crítica | Pai em Dose Dupla (2016)

$
0
0
O filme inicia com uma narração do protagonista, Brad Whitaker (Will Ferrell), apresentando de forma otimista a si mesmo, sua rotina e sua família; e as imagens contradizem um pouco seu otimismo. 

Ele é um padrasto de duas crianças, um menino, Dylan (Owen Vaccaro), e uma menina, Megan (Scarlett Estevez). A mãe das crianças, Sara (Linda Cardellini), apoia Brad durante essa fase de aceitação por parte dos filhos, eles se amam e são um bom casal. A confusão se instala quando o pai verdadeiro das crianças, Dusty Mayron (Mark Wahlberg), telefona para as crianças e Brad nunca tendo conhecido Dusty resolve que chegou a hora de mudar isso. Daí em diante o filme se desenrola em várias cenas interessantes comicamente, mas nada muito perto do nível que um fã do Will Ferrell esperaria, o que é o caso deste crítico.

Para falar do gênero primeiro precisamos definir duas coisas. Vamos determinar aqui que existem dois tipos de frequentadores de cinema: um tipo que quer uma experiência próxima da própria realidade e o outro tipo que quer uma experiência que se distância da própria realidade. O primeiro tipo costuma preferir filmes que, independente de gênero, possuam personagens com quem se possa identificar e um filme que lhe passe uma mensagem, que lhe faça pensar. O segundo tipo costuma preferir filmes que possuam personagens que ilustrem um ideal, heróis, mártires, e gostam de filmes mais focados no entretenimento, com toneladas de efeitos especiais e não fazem muita questão de uma mensagem. 

Dito isso, esse filme pode ser definido como uma mescla entre esses dois públicos, possuindo tanto elementos de identificação como os personagens e a temática familiar quanto elementos cômicos totalmente sem sentido ou lógica. Will Ferrellé conhecido por estrelar filmes que são totalmente voltados para entretenimento, lapidando sua carreira em comédias que são em sua maioria metalinguísticas, ou seja, comédias que zoam as comédias de cinema, ou que zoam o cinema em si, também com muita força no improviso e em cenas cômicas extrapoladas. Rompendo a normalidade das situações, assim criando coisas que não aconteceriam na vida real e que se tornam engraçadas por isso. Esse Will Ferrell seguiu muito forte até mais ou menos 2009, e dali pra cá ele veio fazendo basicamente o que Jim Carrey fez que foi fazer um filme voltado para o natal, depois fazer um ou dois dramas e finalmente aparecer em uma ou outra comédia mais sem sal. Will Ferrell assim como Carrey ainda mantém seu legado de grandes comediantes e resgatam aquela maravilha de antigamente em um filme ou outro, mas se tornou algo raro. Esse filme é para aqueles que se consideram fãs do trabalho de Will Ferrell não vão gostar do filme como um todo, mas existem muitas cenas memoráveis e momentos que possuem de certa forma a essência daquele maravilhoso Will Ferrell de tempos atrás.

O roteiro é uma desprezível. Os personagens são limpos, achatados, clichês ambulantes, basicamente tudo que se vê em uma comédia familiar desde. Claro que, como foi dito, o fato de os personagens serem simples e limpos, sem muita complexidade, se dá pelo fato de o público não fazer questão dessa profundidade toda, mas não remove a responsabilidade do roteiro ser minimamente bom. 

Os personagens não possuem motivações bem enraizadas, algumas motivações são apresentadas em forma de diálogo, mas esse é um recurso preguiçoso e mesquinho de justificar um personagem. Também, por ser comédia, existe zero relevância da atuação, zero necessidade de porque está sorrindo ou porque está triste. Os poucos momentos onde o filme arranca risadas verdadeiras e transmite uma mensagem na forma de construção cômica é onde a comédia sem sentido faz suas aparições. Mostrando que esse é de fato um ótimo casamento e não necessariamente precisamos manter os gêneros apenas voltados para um público específico. 

O filme inicia errando ao praticamente fazer bullying com o personagem de Will Ferrell, fazendo graça do fato de ele ser um pai tradicional, careta, romântico, normal, mas depois se redime ao mostrar pela visão de Busty que Will Ferrell na verdade é um ótimo pai e um exemplo a ser seguido. Em muitos sentidos o filme traz mensagens positivas para valores familiares e comunitários, pena que o faz através de ferramentas há muito obsoletas e de maneira extremamente preguiçosa.

Uma comédia que apesar de tudo ainda mantém a chama invisível de Ricky Bobby acesa. Recomendado.
Nota  • Texto Escrito por Lucas Simões • Revisão de Texto por Jonathan Humberto
FICHA TÉCNICA
Lançamento: 28 de Janeiro de 2016; Duração: 1h 36min; Gênero: Comédia; Direção: Sean Anders; Elenco: Will Ferrell, Mark Wahlberg, Linda Cardellini, Thomas Haden Church, Paul Scheer, Alessandra Ambrósio, Hannibal Buress e Billy Slaughter.
SINOPSE
Brad (Will Ferrell) é executivo em uma rádio e se esforça para ser o melhor padrasto possível para os dois filhos de sua namorada, Sarah (Linda Cardellini). Mas eis que Dusty (Mark Wahlberg), o desbocado pai das crianças, reaparece e começa a disputar com ele a atenção e o amor dos pimpolhos.



Viewing all articles
Browse latest Browse all 89