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Crítica: Que Horas Ela Volta? (2015)

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O filme já inicia com uma imagem que é a cara do Brasil, o jovem Fábio ou Fabinho, com seus seis ou sete anos, sendo cuidado pela empregada da casa Val, Regina Casé. Enquanto cuida de Fabinho, Val liga para sua casa perguntando de sua filha, Jéssica, que possui a mesma idade de Fabinho.

A cena inicial já introduz e marca o conflito extremamente real do filme, pais distantes dos filhos pela necessidade de garantir o sustento dos mesmos mas que acabam negligenciando sem querer o essencial que é o carinho e a presença. Estabelecido o conflito nessa maravilhosa cena inicial partimos para dez anos depois (num corte temporal a lá 2001: Uma Odisseia no Espaço) e observamos a rotina de Val enquanto empregada da família. Val e Fabinho (Michel Joelsas) mantém seu relacionamento de amor real e sincero depois de dez anos, sendo Fabinho tratado como um filho e Val tratada como uma mãe. Um belo dia Val recebe uma ligação da filha Jéssica, interpretada por Camila Márdila, dizendo que deseja ir para São Paulo, onde Val trabalha, para prestar vestibular. Val relutantemente pede aos patrões, José Carlos (Lourenço Mutarelli) e Bárbara (Karine Teles), que permitam que Jéssica fique hospedada com eles durante esse breve período. Os patrões aceitam e Jéssica adentra a vida de todos com toda aquela ingenuidade e desconhecimento da hierarquia da Casa Grande e Senzala moderna, normal. Jéssica traz o questionamento para a casa, como um elo perdido entre o patrão e o servo, contradizendo as regras silenciosas estabelecidas pela hierarquia das classes sociais, da relação entre patrões e empregados, incomodando a todos. Assim sendo uma hora se torna evidente que Jéssica precisa se afastar daquela casa para que a “normalidade” se reestabeleça, o que acontece mas não dura muito. Com as estruturas abaladas, os conflitos e diferenças à tona, chega o vestibular e dá o veredito. O resto é história, e bem da bonita.

O roteiro lembra uma bela releitura de Cinderela, onde a gata borralheira, Val, sofre nas mãos da madrasta má, Bárbara, tendo apenas seu fiel amigo para todas as horas, Fabinho, para seu conforto. Tudo isso muda no momento em que a fada madrinha, Jéssica, chega para libertar Val de sua prisão da qual nem ela tinha conhecimento da existência. Bárbara é uma mulher poderosa e ameaçadora com um par de olhos verdes absolutamente penetrantes em close up, que lembram justamente aquele olhar sinistro e maléfico da madrasta má de Cinderela (1950), que também tem olhos verdes, diga-se de passagem. Bárbara se sente duplamente ameaçada, primeiro por Val que assumiu seu lugar de mãe de Fabinho e roubou seus afetos, segundo por Jéssica que sem ter intenção lançou encantos sobre o marido, José Carlos, ficando Bárbara sem homem algum. Bárbara mesmo assim possui tanto vilanismo quanto Val por ambas cometerem o mesmo crime, negligenciar os filhos pela necessidade de prover pelos mesmos, e ambas seguem por jornadas semelhantes ao longo do filme enquanto tentam resgatar esse afeto perdido nos anos. José Carlos vê em Jéssica uma esposa ideal, que Bárbara nunca pôde ser, e seu casamento monótono o deixa suscetível a uma paixonite besta que seu jeito tímido expressam do modo mais romântico e adolescente possível. Fabinho nada mais é que um rapazote que é carregado pouco a pouco por esse carrossel de facilidades que é a classe média alta, fumando um baseado quando tem chance. Val traz nas costas essa personagem que existiu na vida de no mínimo metade do Brasil, a segunda mãe, a mãe que não batia, a mãe que não dava bronca, que só tinha beijos e abraços e comida. Que lavava nossas cuecas imundas sem reclamar e que por alguma razão não queria passar o natal conosco, por mais que implorássemos. A mãe que nos ensinou a existência desses dois Brasis, um Brasil de gente que vive fácil e um Brasil de gente que sofre demais. Esses Brasis não se tocam, essas são as regras, a menos que apareça uma Jéssica na história, uma maluca, que quer fazer o “impossível”. Essa é a personagem de Regina Casé, talvez a personagem mais real e universal possível.

Um filme que fala com todos nós, mesmo que só um pouco, pois todos nós estamos nele. Um filme que fala do Brasil sem ser cartão postal nem manchete de jornal, um filme que é fotografia de família. Imperdível.
Nota  (Excelente)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 27 de Agosto de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Que Horas Ela Volta? (2015)
Duração: 1h 51min.
Roteiro: Anna Muylaert. 
Produção: Fabiano Gullane, Caio Gullane, Anna Muylaert e Caio Gullane.
Direção: Anna Muylaert.
Elenco: Regina Casé, Camila Márdila, Michel Joelsas, Karine Teles, Lourenço Mutarelli, Helena Albergaria, Luis Miranda e Theo Werneck.

SINOPSE
A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.

Crítica: A Entidade 2 (2015)

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O filme começa com o pé direito no quesito de roteiro, introduzindo o conhecido vídeo familiar que se torna um macabro registro de assassinato em massa no formato de sonho. Daí o menino Dylan (Robert Daniel Sloan) acorda desse pesadelo, ou seja, marcando uma premonição, algo fadado a acontecer, mas em poucos segundos já joga a cena dentro do lixo narrativo que alguns tem a audácia de chamar de terror nos dias de hoje.

Na continuação do promissor, porém decepcionante, A Entidade (2012), revisitamos a maçante rotina de Kabul, o bicho-papão ou como este crítico prefere chamar: o Slipknot Slender, enquanto este tenta novamente coletar mais uma criança retardada para sua legião de crianças retardadas. Kabul é um monstro que possui um design no mínimo curioso, que nunca é explicado e aí temos um de vários pontos decepcionantes acrescentados no filme, e sua origem também curiosa passa batida por todos. Ninguém liga. I’m Kabul, I’m cruel, deal with it.

O filme se arrasta enquanto Kabul fica mais e mais decepcionado com suas crianças serviçais retardadas que não conseguem recrutar uma criança mais retardada ainda para sua legião. No fim das contas se revela que a tal premonição da cena inicial não era premonição coisa nenhuma mas dane-se porque Kabul é Kabul tá entendendo? Aí no fim o Kabul vai lá e resolve a parada, num Deus Ex Machina do mal, um “Diablo Ex Machina”. Isso foi interessante por mais que seja só um erro crasso de roteiro. De resto a história segue o padrão mega retardado de sempre, fica de dia pessoas conversam, fica de noite suspense e mais suspense, nada acontece, jumpscare. O protagonista é o ex-sherife So & So (James Ransone) que localiza a próxima casa onde Kabul se instalou em que mora a família Collins, a mãe Courtney (Shannyn Sossamon) e seus dois filhos, Zachary (Dartanian Sloan) e Dylan.

O roteiro é extremamente promissor, primeiro pela cena introdutória que cria uma noção de premonição, de inevitável, que nos prende no filme de fato. O problema é que o roteiro não explora essa noção de inevitável, que foi o que existiu no primeiro filme e o que fez a narrativa como um todo ser interessante. Kabul vai conseguir o que ele quer, fim.

O filme mesmo assim tropeça e se estabaca todo porque ele fica girando em torno da mesma baboseira do primeiro filme, a diferença é só que dessa vez ele nos mostra o ponto de vista da criança ao invés do ponto de vista do adulto (que foi o foco do primeiro filme e esse adulto foi o pai, o escritor Ellison Oswalt, interpretado por Ethan Hawke. Por trazer esse outro lado o filme é interessante, mas ele se perde do gancho inicial e se torna um draminha do menino que não consegue ser corajoso e etc. A cena mais decepcionante de todas é a cena do confronto, a cena que o sonho na primeira cena apresenta e o momento onde a criança sucumbe ao seu destino e o palco está armado, todos estão prontos, tudo indica que a porrada vai comer e o sangue vai jorrar, finalmente! Mas não, voa um sanguezinho lá e pronto, acabou. Passa uma água e enrola num pano, pronto, zero bala. Essa cena inclusive lembra bastante a cena do confronto no labirinto em O Iluminado (1980) mesmo sendo mais curta e menos intensa.

Se girasse em torno da inevitável conclusão que se mostra no vídeo, ou seja, a criança não pode evitar que aquilo aconteça pois se trata de um poder maligno e poderoso demais, seria bem melhor. Se o foco fosse em apresentar todas as ferramentas que farão parte da mórbida noite do vídeo com o qual Dylan não para de sonhar e sua lenta mas certa concretização o suspense se manteria com mais sucesso. E se não houvesse absolutamente nenhum desses jumpscares nojentos e safados, que são tão previsíveis que você sabe o frame que vai ser, o filme ia melhorar oitocentos milhões. Uma coisa digna de crédito é a maravilhosa atuação do elenco mirim, com destaque especial ao garoto Milo (Lucas Jade Zumann) que encarna um jovem psicopata frio e manipulador com maestria. Nos diálogos o roteiro merece crédito também, mas só nos momentos onde o elenco mirim interage e nos diálogos que envolvem o protagonista So & So, que é bastante carismático apesar de seu jeito abobalhado e simples.

Esse filme é muito ruim. Se não tiver nada interessante passando, assista pelas atuações mirins e porque Kabul é o cara. Kabul: o terror dos novinhos. Esse devia ser o título desse lixo de filme, seria mais atraente.

Nota Final  (Regular)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 03 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Sinister 2 (2015)
Duração: 1h 37min.
Roteiro: Scott Derrickson. 
Produção: Jason Blum, Scott Derrickson, James Moran e Brian Kavanaugh-Jones.
Direção: Ciarán Foy.
Elenco: James Ransone, Shannyn Sossamon, Tate Ellington, John Beasley, Nicholas King, Ethan Hawke e Juliet Rylance.
SINOPSE
Courtney (Shannyn Sossamon), uma jovem mãe solteira e superprotetora de dois gêmeos de 9 anos, se muda com os filhos para uma casa em uma área rural de uma pequena cidade. Logo, ela descobre que o local foi palco de estranhos acontecimentos e que sua família está marcada para morrer.

Crítica: Shaun, o Carneiro (2015)

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Dos estúdios Aardman, criadores de clássicos da animação como Fuga das Galinhas (2000), chega o filme do carneiro que faz crianças rirem há quase uma década.

A animação fala sobre Shaun e seus companheiros carneiros que resolvem tirar um dia de folga após sua relação com seu amado dono, O fazendeiro, se tornar algo sem amor nenhum. Os carneiros porém são tão atrapalhados que só conseguem causar confusão onde quer que estejam. Ao tentar se livrarem do fazendeiro e do cão, que prendem os carneiros na horrível rotina, por um dia para ter uma folga, eles acabam causando amnésia no dono e o jogando na cidade grande. Os carneiros e o cão, antes rivais naturais, agora precisam unir forças para achar seu amado criador e o trazer de volta. Para atrapalhar a busca deles na cidade grande, está o controle de animais representado por um homem vaidoso e malvado que persegue Shaun e seus amigos sem cansar, chamado Trumper. O fazendeiro após perder a memória, refaz sua vida na cidade grande e não reconhece seus amigos animais que criou desde pequenos, que o consideram como um pai, e esse é um choque para Shaun e os outros. Logo após, eles descobrem que ele sofreu amnésia e a única solução para eles é levar o dono de volta para sua fazenda.

A narrativa não inova em nada, não mostra nada que já não tenha aparecido em outras animações, ganha só na originalidade dos personagens. O elemento da natureza em contraste com a cidade grande aliado à amnésia do fazendeiro parece fazer uma analogia à transição para a vida adulta, com a perda da inocência e o esquecimento das coisas que importam. Transmite também que mesmo que uma nova vida permita novos caminhos, não podemos esquecer de onde viemos, nem os laços criados no passado. Nesse ponto o roteiro consegue ser claro e emotivo o suficiente em sua mensagem, apesar dos recursos narrativos serem clichês.

O ambiente rural é recorrente em animações dos estúdios Aardman, como Fuga das Galinhas (2000) e Wallace and Gromit – A Batalha dos Vegetais (2005), e certamente busca enfatizar um elemento de pureza e permite criar ambientes mais agradáveis para um público infantil. A animação em stop-motion é algo perto de fenomenal, criando personagens críveis e encantadores que conseguem ser expressivos e contar uma história sem necessidade de diálogos. No meio de tantas animações em CGI ou em 2D tanto na televisão quanto no cinema é um prato cheio poder assistir um filme assim.

Boa história, boas risadas, ótimos personagens. Recomendado.
Nota  (Ótimo)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 03 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Shaun the Sheep Movie (2015)
Duração: 1h 25min.
Roteiro: -- 
Produção: --
Direção: Richard Starzak e Mark Burton.
Elenco: Omid Djalili, Andy Nyman e Nick Park.

SINOPSE
Shaun é um carneiro que, um belo dia, resolve tirar um dia de folga com os outros animais, para sair da rotina da fazenda. Só que, acidentalmente, ele acaba mandando o carinhoso fazendeiro para a cidade grande, onde o homem perde a memória. Os animais, então, comandados por Shaun, vão aprontar altas confusões no caos urbano para trazer o dono de volta para casa.

Crítica: The Death of “Superman Lives”: What Happened?

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Imagine uma adaptação para o cinema da famosa série de HQs sobre a morte do Superman, dirigida por Tim Burton, com um dos rascunhos do roteiro escrito por Kevin Smith, intitulada de Superman Lives e com o protagonista, interpretado por Nicolas Cage, lutando contra uma espécie de exército de monstros/alienígenas que invadem a Terra em uma espaçonave em forma de caveira. Interessante, não? Porém, semanas antes do início das gravações, Superman Lives foi brutalmente cancelado. Agora imagine o contexto: Estamos na década de 90, uma época onde tanto estúdios quanto a audiência não tinham grande interesse em ver longas baseados em histórias em quadrinhos. Depois de fracassos como O Sombra, Batman & Robin, O Fantasma e Superman IV: Em Busca da Paz o preconceito massivo envolvendo o subgênero era de certa forma compreensível.

A situação mudou completamente alguns anos depois com a chegada de X-Men e Homem-Aranha nas salas de cinema. Além de extremamente populares (leia-se: fizeram muito dinheiro), ambas franquias eram muito bem vistas também pela crítica especializada. E aqui estamos, quinze anos depois, em uma época em que filmes de super-heróis movem boa parte do dinheiro presente em Hollywood. Mas e se Superman Lives tivesse sido lançado? É muito provável que toda a indústria cinematográfica atual estivesse drasticamente diferente.

E mesmo não podendo ter certeza sobre a qualidade do filme, podemos sim imaginar alguns cenários após seu lançamento: Talvez por ser tão original e inventivo, o filme realmente poderia ter feito um estupendo sucesso nas bilheterias. E como o sucesso de um estúdio influencia diretamente nas decisões tomadas pelos concorrentes (basta ver o caso atual entre Marvel e Warner), provavelmente os filmes que foram responsáveis por moldar toda essa nova – e imensa – leva de adaptações de quadrinhos poderiam não ter sido lançados. Em contrapartida, se Superman Lives tivesse sido lançado e se mostrado um fracasso comercial, os estúdios poderiam simplesmente desistir do subgênero. De uma forma ou de outra não teríamos grandes filmes como O Cavaleiro das Trevas, Os Vingadores e toda a série X-Men, e o cinema como vemos atualmente seria outro.

Já faz um bom tempo desde que ouvi sobre o projeto pela primeira vez. A história (que ganhou um pouco de atenção após o vazamento de uma das fotos de Nicolas Cage com o traje de Superman) foi ressuscitada por Jon Schnepp, que conseguiu arrecadar fundos para produzir o documentário The Death of ‘Superman Lives’: What Happened?, que é tão interessante quanto a narrativa que conta.

O documentário tem início dando um profundo contexto sobre a época e sobre as pessoas envolvidas no projeto, fazendo com que o espectador consiga se localizar dentro da história. A partir daí o filme foca em todos níveis do processo de produção que Superman Lives passou. E o mais impressionante é que mesmo tendo que abordar pontos de vista, temas e decisões criativas distintas, Schnepp jamais se perde entre eles. Além de seguir a narrativa de maneira extremamente linear, escapando da armadilha de entregar acontecimentos finais muito cedo (algo que muitos outros diretores provavelmente fariam), o cineasta é eficiente ao dar um espaço específico para cada um dos elementos que precisa discutir. Ou seja, temos alguns minutos isolados sobre o processo de escrita do roteiro, sobre como Tim Burton foi escolhido para dirigi-lo, qual era sua visão para Krypton e para o protagonista, sobre como seria o uniforme do super-herói e, finalmente, porque o projeto nunca saiu do papel.

Essa estrutura não só consegue situar o espectador em todas as etapas da produção, como dá um ritmo preciso e ágil para o documentário (o filme tem quase duas horas de duração, mas eu poderia ter assistido mais uns sessenta minutos sem o menor problema). E algumas das decisões que Schnepp toma para contar a história apenas a enriquecem: Em certo momento o entrevistado atende o celular e dá uma breve pausa na conversa e ao deixar essa cena no corte final o diretor cria uma atmosfera jovial e divertida para o documentário (tive a impressão de estar vendo um fã analisando o trailer de um futuro lançamento, levando em conta os mínimos detalhes). Além disso, há a criação de animações que recriam algumas cenas que Burton e os produtores tinham em mente para Superman Lives (uma envolvendo ninjas é, particularmente, excelente) que ajudam a entender qual seria o resultado final.

No geral, The Death of ‘Superman Lives’: What Happened? é um documentário que supre todas as expectativas que criou com o passar do tempo. Todo documentário deve ir além de apenas escolher uma boa história para contar, e sim contá-la da melhor e mais completa maneira possível. E isso Jon Schnepp alcança com muito sucesso, usando artes conceituais e vídeos de testes de roupas para construir o cenário. Consequentemente, é impossível terminar o filme e não ficar imaginando o que teria acontecido se realmente tivéssemos visto Nicolas Cage interpretando Superman e lutando contra a versão aranha de Brainiac. Poderia ter sido uma obra-prima ou poderia ter sido pior que as versões de Batman dirigidas por Joel Schumacher. Mas, em alguns casos, só imaginar o que poderia ter acontecido é bem mais divertido do que descobrir.

OBS: Como o filme dificilmente será lançado no Brasil, a dica é acessar seu site oficial ‘www.tdoslwh.com’, onde além de dar suporte para a equipe, você ainda pode assistir o documentário com legendas em português.
Nota Final  (Ótimo)
Texto Escrito por Gabriel Pinheiro
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento Em Breve
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Shaun the Sheep Movie
Duração: 1h 44min.
Roteiro: Jon Schnepp. 
Produção: Jon Schnepp.
Direção: Jon Schnepp.
Elenco: Nicolas Cage, Kevin Smith, Tim Burton, Lorenzo di Bonaventura e Wesley Strick.

SINOPSE
Documentário sobre "Superman Lives", ousado projeto de meados da década de 1990 que teria direção de Tim Burton, roteiro de Kevin Smith e Nicolas Cage como Superman. Após muito trabalho, algumas brigas e certa rejeição da proposta, o filme foi abortado. Por quê?

Crítica: Pequeno Dicionário Amoroso 2 (2015)

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Pelo elenco e pelo título já é possível deduzir que a estética de novela vai estar presente, mas é só quando a trilha sonora explode que se pode confirmar. Com uma trama episódica, que também lembra de certa forma uma novela, acompanhamos a protagonista Luíza (a sempre linda Andréa Beltrão) enquanto ela segue em uma jornada em busca do amor, esbarrando em alguns bobocas pelo caminho. Gabriel (Daniel Dantas), ou o “anjo” como descrito pela mãe de Luíza, Dona Sônia (Camilla Amado), é um homem simples e eterno garotão que busca ter o melhor de todos os relacionamentos mas não consegue lidar com o pior deles. Dona Sônia, inclusive, presta um ótimo papel de conselheira a Luíza e veste bem a túnica da mulher sábia, isso claro, quando não está fazendo diálogo de cartão postal. O Rio de Janeiro é lindo sim, mas tem outras cidades lindas.

Gabriel está enroscado em um relacionamento dos sonhos com Jaque (Fernanda Freitas, que dispensa comentários), e ela provavelmente gosta de Gabriel justamente por seu ar mais de garoto e sem muita seriedade, porém ele é homem e por consequência burro, façam as contas. Antes de iniciar seu envolvimento com Jaque, o que deve ter acontecido numa chuva de canivetes, Gabriel fora casado primeiro com a própria Luíza e eventualmente com Bel (Glória Pires, que é outra mulher linda) com a qual teve uma filha, Alice (Fernanda Vasconcelos, que vai te dar uma overdose de beleza). Bel entra como a mentora de Gabriel, que aqui é a contraparte de Luíza, protagonizando uma faceta masculina da busca pelo amor, mas Bel ao contrário de Dona Sônia é uma cartomante, ou seja, uma bela de uma malandra. Ela também é a mentora de Alice que sendo filha de Gabriel, faz contraparte com o filho de Luíza, e os dois nos mostram a busca pelo o amor enquanto jovem. Alice é uma mulher sensual, desinibida, envolvente e pra cima porém é absolutamente controladora e a sua segurança amorosa está em controlar as situações. Não sabendo que controlar um sentimento é algo impossível ela embarca em uma relação que foge mais e mais de seu controle até o ponto em que ela perde o controle completamente e se torna impotente diante do resultado. Já o filho de Luíza embarca na conhecida busca pelo amor virtualmente, mas ao contrário de Alice ele mesmo com seus treze anos possui uma maturidade e uma resolução enquanto homem que lhe permitem ter empatia com as situações, e com as mulheres nelas envolvidas. O marido de Luíza, Alex (Marcello Airoldi), e um homem que surge na vida dela, Guto (Eduardo Moscovis), junto a Gabriel, farão uma grande confusão na cabeça de Luíza sobre onde esse amor tão necessário está.

O roteiro é forte e fraco ao mesmo tempo. Forte porque por ser episódico ele não precisa carregar a dramaticidade cena a cena como um roteiro normal faz, nas cenas a carga já está pronta e não precisa ser justificada pela cena anterior. Se o personagem está com raiva ele está com raiva e ponto final, ao invés de estar com raiva porque na cena anterior algo aconteceu e ele/ela ficou com raiva. E o roteiro é fraco porque por essa mesma construção ele parece ser preguiçoso, parece pouco pensado e as cenas parecem fáceis demais, algumas vezes meio soltas. Para comédia é um formato ideal mas para a parte do drama ele meio que quebra as próprias pernas, jogando a responsa do drama para os atores.

Agora a parte que incomodou mais este crítico em particular foi justamente a parte do drama, e não por conta dos atores, porque todos eles seguram a onda muito bem. O problema no drama está na trilha sonora, não porque ela é ruim, ela é na verdade extremamente bem executada, mas porque ela é grandiosa demais, alta demais, forte demais, pontuada demais, e transforma uma coisa que deveria ser um drama em um dramalhão. A trilha remove completamente a imersão no filme, a imersão na emoção que o ator traz, e te joga numa emoção de Hollywood, numa emoção plástica, fácil, meio que jogando no lixo a emoção que o ator veio construindo gesto por gesto e fala por fala. Talvez isso se dê pelo justo fato que não existe uma curva dramática no filme, ou seja, não existe uma trajetória emocional para o personagem, em cada cena o personagem já está, não veio. Assim o espectador cai de paraquedas naquela emoção, naquele momento do personagem, e a trilha viria pra “ajudar” a pontuar a intensidade da cena. Infelizmente a trilha falha nesse aspecto.

Visualmente o filme é muito bom, inclusive no quesito nudez feminina e sexo a coisa já está num padrão HBO, faltou só a criminalidade, o sangue jorrando e tiroteios mesmo. A nudez feminina no filme está bastante limpa de moralidade, essa que fica no máximo muito implícita na personagem de Alice que é uma mulher “livre”, sendo esse um possível eufemismo para o que alguns que assistam o filme chamem de “puta”. Isso claro não tem nada a ver já que a personagem Alice é nada mais que uma mulher que toma o controle da própria sexualidade, já que a própria personagem gira em torno de controle e da ilusão de controle. O filme possui uma visão muito madura dessa situação e por isso merece seu mérito.

Um prato cheio para mulheres que gostam de filmes sobre o amor e para homens que gostam de filmes com mulheres irresistíveis. Recomendado.
Nota  (Regular)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 10 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Pequeno Dicionário Amoroso 2 (2015)
Duração: 1h 30min.
Roteiro: Paulo Halm.
Produção: Sandra Werneck e Elisa Tolomelli.
Direção: Sandra Werneck e Mauro Farias.
Elenco: Andréa Beltrão, Daniel Dantas, Glória Pires, Miguel Arraes, Camilla Amado, Marcello Airoldi, Eduardo Moscovis e Fernanda Vasconcellos.

SINOPSE
Quinze anos após se separarem, Luíza (Andréa Beltrão) e Gabriel (Daniel Dantas) se reencontram no cemitério, logo após o velório do padrasto dela. Luíza casou-se novamente, com Alex (Marcelo Airoldi), e com ele teve um filho, enquanto que Gabriel teve várias namoradas e hoje vive com Jaqueline (Fernanda Freitas), bem mais jovem do que ele. O reencontro faz com que Gabriel visite Luíza na galeria de arte que administra e, impulsionado pelo fato dela estar bem infeliz no casamento, eles logo iniciam um caso. Paralelamente, Alice (Fernanda Vasconcelos), a filha de Gabriel com Bel (Glória Pires), se mete em um complicado triângulo amoroso envolvendo um homem e outra mulher.

Crítica: Nocaute (2015)

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Resgatando uma temática muito popular nos anos 90, o atleta que entre em declínio e precisa se provar capaz novamente, o filme Nocaute (Southpaw em inglês) nos arranca lágrimas com cenas ferozes e intensas.

O protagonista Billy Hope (Jake Gyllenhaal) é um boxeador invicto que conquista o título de maior campeão peso-médio do mundo. Ao redor dele estão seus amigos, seu empresário Jordan Mains (James “50 Cent” Curtis) e sua família, a esposa Maureen (Rachel McAdams) e filha Leila (Oona Lawrence) de oito anos. Billy possui um estilo de luta muito ofensivo e calcado na raiva, ele deixa o oponente bater nele pra ficar com raiva e então parte para uma ofensiva poderosa que derruba seu adversário. O empresário de Billy, Jordan, só liga para negócios, grana, e não está nem aí para a saúde física de seu boxeador, coisa que Maureen enquanto esposa faz ir para o lado oposto. Fica claro desde o início que a esposa de Billy consegue fazer surgir o melhor dele, por mais violento e temperamental que ele seja. O amor no lar de Billy, nutrido pela esposa e filha, o dá forças e é o que permite que ele sempre se levante a cada queda no ringue. Surge então um boxeador colombiano, Miguel Escobar (Miguel Gomez), que deseja lutar contra Billy e disputar o cinturão.

O roteirista é excepcional em estabelecer que devemos odiar Miguel porque é exatamente isso que acontece, ô carinha nojento! Miguel utiliza do jogo psicológico pra provocar Billy e conseguir uma luta com ele e uma dessas provocações acaba em uma briga com consequências desastrosas. Billy perde Maureen, e esse spoiler é absolutamente irrelevante, a força do filme vai muito além disso. Sem seu anjo da guarda resta apenas o demônio (sem nenhuma sugestão pejorativa, aqui apenas simbólica) personificado pelo empresário Jordan. Sempre vestido de preto, simpático, calmo e sempre com um contrato cheio de promessas para ser assinado, escondendo, claro, objetivos pra lá de egoístas, Jordan atira Billy mais fundo ainda em sua descida para o fundo do poço. Após perder Maureen ele perde todo o resto, a fama, a casa, a auto-estima e, o principal, sua filha Leila. Billy deixa de ser um boxeador, deixa de ser um marido, deixa de ser um homem e deixa de ser um pai. Pouco a pouco Billy precisa seguir nessa batalha para recuperar seus cinturões, um por um. Para isso precisa treinar e recorre a um treinador que ele conheceu anos atrás, Tick Wills (Forest Whitaker). Forest Whitaker, inclusive, junto a Denzel Washington, Samuel L. Jackson e tantos outros atores negros, é um ator que não faz filme ruim. Se você não gostar de um filme que tem algum desses atores, ruim é o seu gosto por filme.

A trajetória do boxeador, o treinamento, a jornada, o fato de tudo pesar contra o herói e o expectador querer a vitória dele mesmo assim, tudo faz uma sutil alusão ao grande clássico Rocky (1976). A cena onde  eles vão anunciar o vencedor da luta final é a que mais lembra o antigo filme, fora a melhor alusão ao longa que é o fato que Billy tem o olho caído, enquanto Rocky tem o lábio caído. O gênero do filme, este crítico classificaria, como “gênero ideal”, que costuma ser o gênero de todos os filmes que possuem roteiros memoráveis, com drama, ação, comédia e suspense na medida certa. Um “gênero humano” por assim dizer, onde a história é real, os personagens são reais e tudo é tão intenso que emociona de uma maneira impressionante.

A direção do filme é impecável, utilizando todos os elementos técnicos para nos fazer entrar na história plenamente e ficar imersos nela até o seu fim. A performance de Jake Gyllenhaal como Billy é algo fora do comum, talvez exista alguma coisa que desperte nos atores que interpretam cowboys homossexuais, uma ultra sensibilidade, sei lá. A verdade que Billy transparece enquanto um boxeador saído dos subúrbios mais humildes possíveis é intensa e tangível. Enquanto lutador ele também convence, intimidando com sua aparência física e seus movimentos, seu olhar intenso. O filme é bem-sucedido em todos os aspectos.

Um filme que se não estiver no Oscar ano que vem, provavelmente devemos todos perder a fé na humanidade para sempre. Imperdível.
Nota  (Excelente)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 10 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Southpaw (2015)
Duração: 2h 04min.
Roteiro: Kurt Sutter.
Produção: Todd Black, Jason Blumenthal, Antoine Fuqua, Alan Riche, Steve Tisch e Kurt Sutter.
Direção: Antoine Fuqua.
Elenco: Jake Gyllenhaal, Rachel McAdams, Forest Whitaker, Naomie Harris, Curtis '50 Cent' Jackson, Oona Laurence e Miguel Gomez (II).

SINOPSE
Billy "The Great" Hope (Jake Gyllenhaal), um lutador, trilha seu caminho rumo ao título de campeão enquanto enfrenta diversas tragédias em sua vida pessoal. Além das batalhas nos ringues, ele é forçado a lutar para conquistar o amor e o respeito de sua filha, em uma busca por redenção.

Crítica: Férias Frustadas (2015)

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Seguindo a tendência dos remakes (um remake é um filme que é uma segunda versão de já bem-sucedido do passado, refilmado e adaptado para o público de hoje), chega para nós essa versão de uma grande comédia de 83, só que sem ser um remake propriamente dito. Os dois filmes falam sobre duas famílias que viajam de férias para um parque temático na Califórnia chamado Walley World.

No filme de 83 essa família são os Griswold, os pais Clark e Ellen, e o casal de filhos Rusty e Audrey. Nessa versão de 2015 Rusty (Ed Helms), o filho, está levando a família dele, a esposa Debbie (Christina Applegate) e os dois filhos James (Skyler Gisondo) e Kevin (Steele Stebbins) para o mesmo parque. Rusty quer se conectar com sua família após perceber que suas tentativas em ser parte enquanto marido e pai caíram na rotina, planejando essa viagem de última hora na tentativa de animar seus familiares, o que não acontece.

Quanto mais Rusty tenta, mais as coisas dão errado e menos sua família quer fazer parte daquela viagem. Sempre que ele  se vê diante de outra família, e de outro chefe de família, outro pai, outro marido, ele se sente desafiado a mostrar que é um bom marido ou pai e só acaba envergonhando a todos. Seja diante de seu vizinho Jack Peterson (Keegan-Michael Key) que é um ótimo pai, seja diante de seu cunhado Stone Crandall (Chris Hemsworth) que passa a impressão de ser um ótimo marido. No fim das contas a lição extremamente válida que fica, mesmo clichê, é que por mais que as pessoas não se sintam satisfeitas nos relacionamentos ou nas famílias que tem, a verdade é que, não existe nada que elas possam querer que já não esteja bem na frente delas.

O gênero é uma combinação bem comum de road movie (filmes que se passam em viagens de carro, na estrada) com comédia, que funciona muito bem. A estrada é a jornada dos personagens e marca a evolução dos mesmos, o que aprendem, o que perdem, o que deixam pra trás e o que ganham pelo caminho. A comédia se apresenta nas maneiras como a jornada pela estrada “transforma” os personagens protagonistas e nos personagens coadjuvantes malucos que a jornada leva ao encontro dos protagonistas. Rusty é o típico marido monótono que luta pelo seu casamento, sua família, se sacrifica por eles e não percebe que o seu egoísmo alcança apenas a ele próprio. Debbie é a típica esposa entediada que não é uma puritana, é uma aventureira mas não consegue simplesmente ser aventureira e fica esperando o marido milagrosamente entender seus suspiros de desagrado e olhares silenciosos de desdém. James e Kevin são filhos meio surreais, meio que uma elaboração caricaturada de um adolescente sensível e de um menino valentão. São críveis, poderiam existir no mundo real, só parecem muito exagerados em suas características cômicas. O filme diverte muito e possui cenas memoráveis, possui um humor um pouco ofensivo em algumas piadas mas nada muito imperdoável.

Uma boa comédia, mais recomendada aos que conhecem a versão de 83, mas ainda ótima para os que não forem conhecedores do filme original. Recomendado.
Nota  (Ótimo)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 10 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Vacation (2015)
Duração: 1h 39min.
Roteiro: John Francis Daley, Jonathan M. Goldstein e John Hughes.
Produção: David Dobkin, Chris Bender, Jeff Kleeman e Toby Emmerich.
Elenco: Ed Helms, Christina Applegate, Skyler Gisondo, Steele Stebbins, Chevy Chase, Beverly D'Angelo, Leslie Mann e Chris Hemsworth.

SINOPSE
Rusty Griswold (Ed Helms) trabalha como piloto de avião na EconoAir, uma companhia de baixo custo. Ele é casado com Debbie (Christina Applegate) e tem dois filhos, James (Skyler Gisondo) e Kevin (Steele Stebbins), que vivem brigando. Disposto a se divertir com a família, Rusty decide seguir os passos de seu pai (Chevy Chase) e comandar uma ida ao parque de diversões Wally World, localizado a dias de viagem. Rusty logo aluga um carro albanês, sem imaginar que a viagem em família será bem mais complicada do que imaginava.

Crítica: Pânico | 1ª Temporada

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Eu sou fã incondicional da franquia Pânico. Assisti ao longa original pela primeira vez quando tinha apenas doze anos de idade, e hoje consigo enxergar perfeitamente o impacto que todos os quatro filmes tiveram durante minha formação como cinéfilo. O filme de 1996, em especial, não só me fez apreciar o terror como um todo – dando início à uma inesgotável fome de ver e conhecer o máximo possível sobre cinema –, como me ensinou a analisar filmes de maneira mais profunda e detalhada que o normal. Em outras palavras: devo muito de tudo que sei sobre cinema à Wes Craven e Kevin Williamson. E, diferente da maioria dos fãs, não consigo ver um declínio de qualidade dentro da franquia: Sim, a terceira fita é um bocado irregular (ainda que divertida o suficiente para não aborrecer o espectador), mas Pânico 2 e 4 trazem o suspense, a metalinguagem, a inteligência e a irreverência que fizeram do original um clássico moderno.

Logo, assim que soube que uma série de televisão baseada na franquia estava sendo produzida fiquei momentaneamente empolgado: Nas telonas Pânico parecia ter usado todas suas cartas (e após a conclusão de Pânico 4 seria complicado seguir uma narrativa coerente com aqueles personagens), portanto seguir para a televisão parecia um passo necessário. Porém, minhas esperanças foram, aos poucos, se dispersando. O fato de que a série seria produzida pelo canal MTV se tornou a primeira notícia realmente preocupante (vamos combinar: o canal não é conhecido por suas produções de alta qualidade). A substituição da icônica máscara não ajudou muito. E os oito minutos iniciais que foram liberados antes da estréia me fizeram ficar ainda mais preocupado.

A cena que abre a série Scream (a partir de agora, vou me referir à serie de televisão desta forma para não haver qualquer espécie de confusão) lembra muito aquela que apresentou o conceito ao mundo: Ambas contam com uma garota que está sozinha em uma casa imensa e isolada, com uma piscina no jardim. A única diferença é que uma dessas cenas abusa da metalinguagem e do suspense, tem um texto afiadíssimo e uma direção de primeira, a outra não. E mesmo com todos esses sinais, decidi que iria ver toda a primeira temporada de Scream independente de sua qualidade. No final de dez episódios me vi me divertindo muito mais do que esperava inicialmente, mas talvez pelos motivos errados.

Erros e Acertos: Gritos e Humor Involuntário

Seguindo a clássica e imutável cartilha dos filmes “slasher”, a trama de Screamé aquele velho clichê de “mocinha recebe ligações ameaçadoras de um psicopata, enquanto seus amigos morrem aos poucos”. Nada de muito original (e isso não é particularmente ruim, já que Pânico sempre soube trabalhar com seus clichês). A grande diferença surge na história de Brandon James, um serial-killer desfigurado que atormentou a cidade anos atrás e que tem uma conexão direta com a protagonista da história.

A subtrama envolvendo Brandon James, aliás, se mostra irregular: A ideia de trazer elementos de outras franquias para poder desconstruí-los é interessante e criativa. Mas a execução é, infelizmente, fraquíssima. Revelações profundamente previsíveis apenas atrapalham o ritmo da narrativa, a atmosfera (quase) sobrenatural é artificial e não combina com Scream e toda a história, de maneira geral, parece mais uma desculpa para dar motivos forçados ao assassino do que algo orgânico e relevante.

Além disso, é frustrante para qualquer fã ter que ver tantas oportunidades sendo jogadas fora: O roteiro raramente sabe aproveitar situações verdadeiramente tensas, e acaba apostando em sustos ou atmosferas falsas. A direção dá escorregões constantes, fazendo a série implodir em episódios mal construídos e desinteressantes. Por outro lado, quando Scream finalmente resolve acertar, é improvável não se sentir satisfeito com o resultado: Há cenas que me deixaram roendo as unhas (Brooke no freezer durante o décimo episódio é um momento impecável) e outras que brincam com os absurdos das situações (o assassino aparecendo no meio de um funeral me lembrou automaticamente de Ghostface no supermercado no meio da tarde, no longa original). Além, é claro, de ótimas perseguições que sabem brincar com o mistério de “quem é o assassino?”.
Em contrapartida, a lista de figuras em tela é um ponto interessantíssimo deste primeiro ano de Scream: Emma surge e é desenvolvida de maneira clichê e desinteressante, e Willa Fitzgerald raramente convence no papel (principalmente nos primeiros episódios). Kieran e Will apenas estão aqui para a criação de um enfadonho triângulo romântico (além de servirem como suspeitos, é claro). Os múltiplos relacionamentos de Brooke soam como subtramas de uma narrativa completamente diferente. E personagens coadjuvantes como Riley, Piper e Maggie (mãe da mocinha) pouco têm o que fazer. Noah e Audrey, porém, surgem como personagens carismáticos e divertidos (ainda que não muito multifacetados ou particularmente complexos), e a dinâmica entre John Karna e Bex Taylor-Klaus é muito boa.

E talvez o mais impressionante de Scream esteja no fato de que após alguns episódios a série me fez criar uma espécie de vínculo com estes personagens. As interpretações são relativamente capengas, os personagens esteriótipos unidimensionais, e mesmo assim senti uma ponta de tristeza ao me deparar com a possibilidade de ver Brooke, por exemplo, sendo assassinada. E mais: a série conta com momentos que são tão ruins e exagerados, que chegam a ser divertidos (mesmo que involuntariamente).

De forma geral, ver Screamé como assistir um excelente guilty pleasure. O exagero, as atuações desajustadas, as situações absurdas e os diálogos medonhos, fizeram estas dez últimas semanas se tornarem muito mais divertidas que o previsto.

Mas... o que é Pânico?

Em determinado momento de Scream me perguntei: “O que realmente estou assistindo?”, e não sei se encontrei uma resposta boa o suficiente para essa pergunta ainda. É simples dizer que esta é a adaptação para televisão de uma franquia cinematográfica. Mas a situação é bem mais complexa do que pode parecer. Começando do princípio: Pânico se define como uma brincadeira com os clichês do gênero, que usa da metalinguagem para comentar as convenções dos filmes slasher, ao passo em que se diverte ao desafiar o espectador para que este descubra quem está por trás dos assassinatos.

Scream, por outro lado, raramente faz auto referências (citando os lugares comuns em pouquíssimas cenas). Pelo contrário, essa é uma narrativa tão padrão e convencional que Kevin Williamson poderia usar como base para suas piadas em um possível (porém, improvável) Pânico 5. É como se em vez de abraçar os clichês e fazer graça disso ao mesmo tempo, Scream simplesmente abandonou a segunda parte. Em outras palavras: Eu me vi vendo uma série que apenas levava o nome de uma franquia nas costas, sem se importar com suas principais características.

Por outro lado, a brincadeira com o “quem é o assassino?” está tão divertida quanto antes: A lista de possíveis suspeitos é longa e rende boas teorias (e como já comentei, as sequências de perseguições são eficientes ao brincar com esse elemento). A revelação final, infelizmente, é um tanto frustrante (não vou dar muito detalhes aqui, mas existe uma certa dose de “trapaça narrativa” na reviravolta).

De uma forma ou de outra, você pode encarar Scream como um simples programa envolvendo assassinatos e ligações misteriosas, como uma adaptação daquela franquia de terror que você tanto gosta ou como aquele guilty pleasure que você insiste em ver toda semana. Eu vejo a série como tudo isso. E espero que a segunda temporada traga tantos diálogos ruins, overacting e subtramas mirabolantes quanto esta primeira (mas um pouco mais de metalinguagem nunca faz mal).

Este texto é dedicado ao eterno mestre Wes Craven, que não só me trouxe gritos e pesadelos; me trouxe o cinema.
Nota Final ★ ★ (Regular)
Texto Escrito por Gabriel Pinheiro
Revisão Textual por Jonathan Humberto
FICHA TÉCNICA
Lançamento: 2015.
Episódios(s): 10 capítulos.
Gênero: Terror,  Mistério, Crime
Duração: 45 min. por episódio
Elenco: Willa Fitzgerald, Bex Taylor-Klaus e John Karna.
Criador (es): Jill E. Blotevogel, Jay Beattie e Dan Dworkin.

SINOPSE
O que começou como um vídeo viral no YouTube, logo se torna um problema para os adolescentes de Lakewood e serve de catalisador para o assassinato que abre a janela de problemas passados da cidade.

Crítica: Bata Antes de Entrar (2015)

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Keanu Reeves estrela esse thriller psicológico que para muitos pode ser ótimo simplesmente por ser dirigido por Eli Roth, mas não na opinião deste crítico.

O filme começa estabelecendo o ponto-chave do thriller clássico, o moralismo correto do protagonista, ou seja, Keanu Reevesé um bom marido, um bom pai e um bom homem. Evan (Keanu Reeves) é um arquiteto casado com uma artista plástica, Karen (Ignacia Allamand), e tem dois filhos, um menino e uma menina já pré adolescentes. A família sairia para um fim de semana em comemoração ao dia dos pais, mas surgiu um trabalho para Evan e ele precisou ficar. Enquanto a família viajou e largou o pai sozinho no dia dos pais, seria mais sensato cancelar a viagem, mas enfim, aí não ia ter filme né. A mãe e os filhos viajam, Evan fica sozinho, começa a chover e “knock knock”, tem alguém na porta. Evan abre a porta para dar de cara com duas lindas mulheres, Genesis (Lorenza Izzo) e Bel (Ana de Armas), justamente no fim de semana que ele fica sozinho em casa e o cara não desconfia de nada, tudo bem.

O fato de as personagens de Lorenza e Ana se chamarem Genesis e Bel parece fazer uma certa referência, mas vamos parar por aqui. Voltando ao filme, Evan recebe as duas jovens em sua casa e pouco a pouco a matrix vai se revelando, mas o Neo não enxerga. Ele tenta evitar, tenta fechar os olhos para a situação diante dele, mas chega uma hora que a matrix está duplamente sem roupa diante dele e aí o que ele tem entre as pernas faz o que seu propósito determina. Daí em diante o filme é uma tragédia de erros que é irritante demais para este crítico reviver. Assistam e descubram.

O gênero é o fator irritante aqui, pois se trata de um thriller, ou seja, um suspense, só que é um thriller psicológico. A diferença entre um thriller e um thriller psicológico é que o primeiro acontece e todos tem o conhecimento dele, desde o protagonista até os coadjuvantes e etc. Enquanto o segundo acontece, mas o conhecimento do mesmo se restringe ao protagonista e antagonista, ou acontece exclusivamente na mente do protagonista.

De maneira clássica, os filmes de terror/thriller de antigamente não retratam a realidade mas sim uma metáfora da moralidade humana. Por exemplo, em filmes de terror clássicos a razão pela qual adolescentes que fazem sexo morrem é porque sexo não é algo que eles devam fazer, de maneira que eles são punidos por isso, pelo “mal” ou pelo “demônio”. Assim sendo, o ponto que esse gênero aborda é um ponto de discussão moral, logo os protagonistas não se provam através de ações físicas e feitos físicos, mas sim ações e decisões morais. Evan, ao trair sua esposa com duas mulheres, se torna atormentado pela culpa, personificada por Genesis e Bel, onde elas o torturam como a culpa o torturaria, e destroem o seu casamento como a culpa também destruiria. Evan tenta por várias vezes fugir da culpa e sair impune por seus atos de traição, mas fisicamente é impossível para ele se libertar, a única maneira de ele se libertar é moralmente.

O fraco do roteiro aqui, e uma das poucas coisas fracas no roteiro felizmente, é o fato que Genesis e Bel são absolutamente loucas, por mais que haja uma motivação para o que elas fazem e o que elas são, essa motivação não justifica esse comportamento insano. O filme se torna irritante por torturar o protagonista enquanto um homem falho que traiu sua moralidade (e o próprio filme cria uma justificativa para essa traição) e mesmo assim parece se deleitar com o sofrimento de Evan. Classicamente isso é natural pois antigamente nos filmes de terror havia uma parte de desejo de vingança sobre as pessoas que fazem o mal-feito, como se os malfeitores merecessem a punição. Ok. Trazendo a temática para 2015 essa mesma abordagem se torna um tanto over demais. É o tipo de filme no qual você não pode torcer pelo protagonista porque só vai se decepcionar.

O roteiro é excepcional, tanto em estabelecer ótimos personagens, criar a atmosfera através do diálogo, sutilmente contar o backstory (a motivação por trás dos atos do personagem) de Genesis e Bel e porque elas fazem o que fazem e, a cereja do bolo, está numa das imagens finais do filme em que a câmera retorna ao quarto de Evan onde Genesis escreveu com batom no espelho “It was not a dream” (Não foi um sonho), eliminando a possibilidade de um Deus Ex Machina clichê onde o protagonista acorda em sua cama e tudo que assistimos por duas horas foi um sonho. O roteiro mata essa dúvida para nós e deixa bastante claro, com coragem e convicção, que a loucura foi real. Esse é um roteiro que honra o que tem por baixo das calças.

Se você for torcer pelo Keanu Reeves, não assista. Se estiver afim de ver ele se ferrar, compre bastante pipoca. Recomendado.
Nota  (Ótimo)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 01 de Outubro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Knock Knock (2015)
Duração: 1h 39min.
Roteiro: Eli Roth, Nicolas Lopez e Guillermo Amoedo.
Produção: Eli Roth, Colleen Camp, Nicolas Lopez e Sondra Locke.
Elenco: Keanu Reeves, Lorenza Izzo, Ana de Armas, Aaron Burns e Colleen Camp.

SINOPSE
Em uma noite chuvosa, duas belas mulheres batem à porta de Evan Webber (Keanu Reeves). Ele está sozinho em casa, já que a esposa e filho estão viajando. Não demora muito para que ambas o seduzam, tendo uma noite de amor com ele. Só que, no dia seguinte, elas passam a persegui-lo implacavelmente.

Crítica: Hotel Transilvânia 2 (2015)

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O grande sucesso de Genndy Tartakovsky retorna às telinhas alguns anos depois dos acontecimentos do primeiro filme. Mavis, a filha de Drac, finalmente se casa com Jonathan, seu namorado humano e dessa união se anuncia uma criança. Drac fica louco pelo seu neto, seu pequeno vampiro, e está ansioso para poder ensinar a ele tudo o que ele sabe e levar ele aos locais onde ele aprendeu a ser um monstro da noite. Não se sabe ao certo se o filho de Mavis e Jonathan, Dennis, é de fato um vampiro ou não, e até o menino completar cinco anos e suas presas finalmente saírem não se pode saber.

Drac quer que Dennis seja um vampiro, pois não consegue se conectar tão bem com os humanos e ter um neto humano forçaria Mavis a se afastar dele pelo fato de um ambiente repleto de monstros ser muito perigoso para uma criança. Jonathan decide ajudar Drac a tornar a experiência de Mavis no mundo dos humanos o menos impressionante possível, mas ele falha e Mavis acaba descobrindo o plano dos dois. Para ajudar Dennis a soltar suas presas Drac ouve sugestões para pedir ajuda a seu pai, Vlad, mas ele é um vampiro muito antiquado e um clássico matador de humanos. Péssima ideia. Drac só não esperava que Mavis tivesse convidado Vlad para o aniversário de cinco anos de Dennis, só descobrindo isso tarde demais.

O roteiro é bastante original, mesmo tendo alguns elementos conhecidos como o chefe de família que leva a família para viajar, os recém-casados compõem duas famílias completamente diferentes e uma abordagem sobre o preconceito que se mostra na tela de forma bem sutil. O conflito se centra em Drac e sua jornada para ajudar o neto a se conectar com seu monstro interior, e soltar suas presas de vampiro, e nisso entra em choque com o tanto que as coisas mudaram em comparação a quando o próprio Drac e seus amigos eram mais jovens. Drac se sente distante de seu neto enquanto monstro, e quando vai percebendo que no universo pueril de Dennis monstros são diferentes do que Drac conhece.

Para se aproximar do neto e se tornar mais presente e relevante em sua vida, Drac o leva em uma viagem de campo sem o consentimento ou conhecimento de Mavis para que eles fiquem mais unidos. Mavis obviamente não gosta nada disso e se sente traída, ameaçando se afastar ainda mais de Drac e remover Dennis de sua vida de vez. O amor tolo de Drac por seu neto, por sua filha e por ser um monstro se mostra sempre sincero e belo, oferecendo coesão e verdade ao personagem.

A comédia do filme é excelente, enfatizada em expressões exageradas dos personagens, cenas fisicamente absurdas possíveis apenas pelos poderes especiais dos vampiros e boas analogias entre o mundo real e o mundo dos monstros. Com boas doses de drama, ação, comédia e aventura. O filme é um prato cheio para todos os gostos. Recomendado.
Nota  (Ótimo)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 01 de Outubro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Hotel Transylvania 2 (2015)
Duração: 1h 29min.
Roteiro: -
Produção: Adam Sandler e Allen Covert.
Direção: Genndy Tartakovsky
Elenco (vozes): Adam Sandler, Andy Samberg, Selena Gomez, Mel Brooks, Asher Blinkoff, Kevin James, David Spade e Steve Buscemi.

SINOPSE
Sequência de Hotel Transilvânia, de 2012, que acompanhava a agitada rotina do resort favorito dos principais monstros, gerenciado pelo Conde Drácula. O diretor do primeiro filme, Genndy Tartakovsky, está de volta e a animação será exibida em 3D.

Crítica: Um Senhor Estagiário (2015)

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Robert De Niro interpreta Ben Whitaker, um homem viúvo e aposentado que se sente inútil agora que está aposentado, buscando ficar ativo, saindo de casa, lendo jornal, indo a funerais e coisas do tipo. Em uma de suas saídas vê um anúncio de uma empresa start-up de e-commerce chamada About the Fit que vende vestuário. A vaga é para estagiário sênior, ou seja, estagiário idoso, e manda uma apresentação para eles. Ele é aceito, e mais, é designado a estagiar com a fundadora da empresa, Jules Ostin (Anne Hathaway), uma mulher dedicada e apaixonada pela sua empresa que a levou ao absoluto sucesso através do próprio esforço. No início Jules é totalmente distante, mas o jeito galante e paternal de Ben pouco a pouco vai a conquistando, e sua eficiência no trabalho é o que permite que o contato inicial seja possível. Ben também conquista os colegas de trabalho da empresa, em especial Jason (Adam DeVine), Davis (Zack Pearlman), Lewis (Jason Orley) e Becky (Christina Scherer) por quem Jason tem uma quedinha. Pouco a pouco Ben vai se aproximando de Jules e entrando em sua vida, em sua casa, conhecendo sua filha Paige (Jojo Kushner) e seu marido Matt (Anders Holm), auxiliando cada um em suas necessidades e aconselhando sobre coisas da vida. No fim Ben e Jules se tornam grandes amigos e a empresa próspera.

Talvez pela presença de Anne Hathaway, pelo fato ela estar contracenando com um ator mais velho e ganhador de oscar, fique uma sensação de O Diabo Veste Prada (2006) no ar. A relação entre os dois e o fato de Jules, mesmo sendo a chefe, acabar sendo a estabanada da história que precisa se desculpar pelas mancadas lembra bastante a personagem “modelete” que ela fez quando contracenou com Meryl Streep.

Provavelmente Hathaway sempre vai ser essa menina em um corpão de mulher, independente de ser a chefe ou a estagiária. O gênero do filme entraria naqueles que deveriam ser indicados a Oscar, o gênero “humano”, ou seja, tem um pouco de tudo, comédia, drama, aventura, suspense, etc. Tal como a vida.

O roteiro merece menção especial justamente por conseguir mesclar tão bem gêneros de uma maneira que as ações não fiquem forçadas e fluam naturalmente. Os personagens conseguem brilhar sozinhos e em conjunto, com belas atuações, desde as caras e bocas de De Niro até os picos de Hathaway, entre o sério profissionalismo até o melado surto desnorteado da mulher perdida. Existe um breve ”momento cartão postal”, algo que este crítico não aprova tanto, onde se faz uma breve referência à maravilhosa New York com aquela pitadinha de jazz, pessoas melancólicas, e não deixa de ser uma bela homenagem a uma bela cidade. Querendo ou não foge do filme em si. Mesmo assim isso não compõe algo que justifique chamar esse filme de qualquer coisa além de ótimo.

Absolutamente imperdível.
Nota  (Excelente)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 24 de Setembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: The Intern (2015)
Duração: 2h 01min.
Gênero: Comédia.
Roteiro: Nancy Meyers.
Produção: Nancy Meyers e Celia D. Costas.
Direção: Nancy Meyers.
Elenco: Robert De Niro, Anne Hathaway, Rene Russo, Anders Holm, Andrew Rannells, Adam DeVine, Zack Pearlman e Nat Wolff.

SINOPSE
Jules Ostin (Anne Hathaway) é a criadora de um bem-sucedido site de venda de roupas que, apesar de ter apenas 18 meses, já tem mais de duas centenas de funcionários. Ela leva uma vida bastante atarefada, devido às exigências do cargo e ao fato de gostar de manter contato com o público. Quando sua empresa inicia um projeto de contratar idosos como estagiários, em uma tentativa de colocá-los de volta à ativa, cabe a ela trabalhar com o viúvo Ben Whittaker (Robert De Niro). Aos 70 anos, Ben leva uma vida monótona e vê o estágio como uma oportunidade de se reinventar. Por mais que enfrente o inevitável choque de gerações, logo ele conquista os colegas de trabalho e se aproxima cada vez mais de Jules, que passa a vê-lo como um amigo.

Crítica: A Possessão do Mal (2015)

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Pelo título já sabe, né? Preparem-se para muitos nada acontece, jumpscare. 

O filme conta a história de Michael King (Shane Johnson), um pai de família que tragicamente perde sua esposa Samantha (Cara Pifko) em um acidente de carro, deixando-o só para cuidar da filha pequena Ellie (Ella Anderson). Samantha era uma mulher temente a Deus e de mente aberta espiritualmente, acreditando em videntes e coisas do tipo. Michael começou a criar ódio por todo tipo de superstição/crença já que por uma indicação de uma vidente, Samantha mudou seus planos e isso “resultou” em seu acidente fatal.

Em uma forma distorcida de processar a morte de sua esposa Michael decide tentar invocar um demônio para provar para si mesmo que tudo é baboseira e ele estava certo o tempo inteiro, ou seja, não existem deuses ou demônios. Nisso ele enche sua casa de câmeras e sai filmando tudo, documentando sua busca, e aí tem um cachorro também porque sempre tem um cachorro. Michael acaba invocando um demônio específico que possui seu corpo e começa a controlar suas ações, e quanto mais ele tenta se livrar dele mais o demônio exerce sua influência sobre ele.

O gênero mistura praticamente todas as construções clássicas, desde as mais modernas como as de Atividade Paranormal (2007), Bruxa de Blair (1999) e O Exorcista (1973). A construção dos acontecimentos lembrou um pouco o filme Amigo Oculto (2005). Sinceramente o filme, por não ter monstro, teoricamente não deveria ter jumpscare, e isso faria o filme um milhão de vezes mais interessante. Sem o recurso barato do jumpscare o diretor poderia focar 100% no suspense e na loucura de Michael e não desperdiçar momentos preciosos de nossas vidas onde poderíamos estar dormindo ou comendo pra tentar nos assustar de maneira porca. Existem momentos onde o filme entrega de bandeja que é um low budget (filme de baixo custo, com recursos bastante toscos, mesmo funcionando para a cena), em especial uma cena de auto-mutilação. Apesar disso existe uma outra cena de auto-mutilação onde o ator merece créditos, ou a equipe inteira, pois ela parece totalmente real, e dá uma certa agonia.

Esse filme também merece créditos por trazer o elemento mais clássico de filmes de terror: sangue! Tem muito sangue nesse filme, muito mesmo, e é maravilhoso. Terror é mais gostoso quando tem gore, quando tem sangue jorrando, e não esses filmes que se auto-entitulam terror de hoje em dia onde ninguém sangra nem nada.

No quesito de roteiro o filme tem uma boa construção, amarra bem os pontos, explana bem porque de cada coisa, teve uma lapidação decente. A interpretação dos atores também é boa, imersiva, real, forte. O que broxa no filme é que tem uma salada de recursos narrativos, desde os vlogs e imagens em visão noturna em found footage (filmagem caseira) a lá Bruxa de Blair ao BBB de coisa nenhuma de Atividade Paranormal até as possessões com direito a escaladas radicais de escada e de paredes a lá O Exorcista.

Um filme que não assusta tanto quanto deveria mas que pelo menos não mancha o gênero como muitos filmecos por aí. Recomendado pra fãs do gênero.
Nota  (Bom)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 1º de Outubro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: The Possession Of Michael King (2015)
Duração: 1h 23min.
Gênero: Terror.
Roteiro: David Jung.
Produção: Paul Brooks.
Direção: David Jung.
Elenco: Shane Johnson, Ella Anderson, Cara Pifko, Tomas Arana e Dale Dickey.

SINOPSE
Michael King (Shane Johnson) não acredita em religião, espiritismo ou fatos paranormais. Enfrentando a morte da esposa, ele decide fazer seu próximo filme ligado à busca da existência de forças sobrenaturais. Michael permite que vários praticantes de artes ocultas testem os rituais mais pesados nele na intenção de provar que tudo é um mito. Porém, algo acontece.

CriticoTv: Perdido em Marte (2015)

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Amanhã (1º/10) chega aos cinemas brasileiros, Perdido em Marte que traz na direção Ridley Scott e no elenco  Matt Damon, Jessica Chastain, Michael Peña, Kristen Wiig, Jeff Daniels e Naomi Scott.

A trama acontece durante uma missão a Marte, o astronauta Mark Watney (Matt Damon) está presumidamente morto depois de ter sido apanhado numa tempestade, onde é deixado para trás enquanto o resto da equipe planejam evacuar o planeta e regressar à Terra. Watney encontra-se assim sozinho e abandonado, com algumas provisões e a sua sagacidade, destreza e espírito para sobreviver e encontrar uma maneira de enviar um sinal para casa, sabendo que mesmo que saibam que ele está vivo, é muito vaga a hipótese de um salvamento.

Será que o Ridley Scott retornou ao seu universo de ficção? Ou só mais um filme vazio e cheio de espetáculo? Confira abaixo a crítica completa de Perdido em Marte.
Nota Final: ★ ★  (Bom)
ApresentaçãoAna MartaVinícius Brandão e Leonardo Miotti • Edição Final: Ana Marta

Crítica: A Travessia (2015)

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Sempre que seus olhos passarem sobre o nome Robert Zemeckis saiba que você está diante de algo digno de, no mínimo, um Oscar. 

O filme fala sobre o evento real, a travessia realizada de uma torre à outra do World Trade Center, e o personagem real, Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt). Petit se descobre artista muito cedo ao entrar em contato com o circo, assistindo uma apresentação dos White Devils, e fica completamente apaixonado pela corda bamba. Petit começa a praticar a corda bamba e mais e mais se envolve com as práticas circenses, negligenciando completamente os desejos de seus pais. Ele vai atrás do patriarca dos White Devils, Papa Rudy (Ben Kingsley), para que ele o ensine a montar e a andar em uma corda bamba. Petit infelizmente se mostra muito rebelde e arrogante e isso faz com que ele seja expulso tanto do lar de Papa Rudy, seu mentor, quanto de seu próprio lar, então ele se muda para Paris.

Em Paris ele se torna um artista de rua e conhece uma outra artista de rua, Annie (Charlotte Le Bon), e logo ela cai em seus encantos. E é quando ele começa a atuar em Paris que ele descobre seu sonho, quando vê em uma revista uma imagem das torres gêmeas, e a altura absurda das mesmas. Ele simplesmente precisa fazer isso. Annie se torna sua primeira cúmplice em seu sonho, a primeira de muitos, e esses cúmplices serão as peças chave na realização desse ousado sonho. 

Antes de falar do filme em si vale refletir acerca do contexto social da época. O filme se passa na França e nos Estados Unidos nos anos setenta, e aí existe uma certa questão interessante de ser colocada. A França sempre foi uma nação orgulhosa, gabando-se de ter a melhor moda, a melhor arte, a melhor comida, os melhores vinhos e assim vai. Os anos 70 são um forte ano para os EUA e para o mundo politicamente, pois marca a época da maioria das ditaduras em países menos desenvolvidos e o fim da guerra do Vietnã. Os EUA sempre se fortalecem após as guerras pois depois que mostram do que são capazes sua superioridade fica subentendida nas negociações políticas futuras. 

O filme pode ser considerado com um tema que tem uma raiz que brota desse contexto, afinal se trata da construção do World Trade Center, o prédio que é “100 metros mais alto que a Torre Eiffel”, ilustrando essa busca pela dominação cultural que os EUA fazem desde sempre. Petit nesse sentido se torna um personagem bem mais coerente, pois a França nessa época possuía uma forte corrente antiamericana por conta dessa disputa cultural, coisa que ele deveria compartilhar se não fosse um artista, se não fosse uma decepção para seus pais, ou se desse a mínima para política. Obviamente o contexto político não foi explorado por razões óbvias, mas ele existe de certa forma. 

O roteiro é excepcional e ao mesmo tempo é um pouco decepcionante. Por quê? Bem, porque o roteiro segue demais o clássico cânone de Hollywood, até mesmo onde não precisa, até mesmo onde é tolice usar certas construções. Este crítico se refere ao fator da incerteza, quando o diretor do filme insere informações e eventos que colocam uma pulga atrás da orelha do espectador.“E se ele não conseguir?”, “E se o protagonista não vencer?”,“Será que ele vai conseguir?”. 

Ora, Philippe Petit, o homem real, está vivo hoje, então obviamente ele conseguiu, e não seria feito um filme sobre um homem que tenta uma coisa assim e falha. Mas o costume de Hollywood é esse, os roteiros funcionam assim, eles te plantam incertezas pra te prender mais, o que funciona, claro, mas mesmo assim é desnecessário. A maneira como eles utilizaram especificamente nesse filme é meio gratuita e incômoda. É como se você fosse assistir um filme que o título é “A mulher compra três sapatos” e aí em determinado momento o diretor coloca a pulga atrás da sua orelha e você fica “Mas será que ela vai comprar três sapatos mesmo?”.É óbvio que ela vai comprar três sapatos! Como é o nome do filme? Mesmo assim a incerteza te pega e te prende, mas não deixa de ser dispensável. 

O problema maior com essa incerteza que o roteiro utiliza é que ela é preguiçosa, porque ela não é um cúmplice que se revela um traidor, por exemplo, o que é mais potente na questão dramática. Talvez houvesse o desejo de respeitar a fidelidade do acontecimento real mas sinceramente a incerteza que eles inserem no filme é besta demais pra merecer qualquer espaço. O filme possui um grande mérito em nos permitir ter na memória uma belíssima lembrança de um local que foi o infeliz palco de uma tragédia. Nesse filme podemos olhar para as torres gêmeas como um lugar que um dia foi o palco de algo belo e que também merece ser lembrado.

Assistam em IMAX 3D, por favor. Extremamente recomendado.
Nota  (Excelente)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 08 de Outubro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: The Walk (2015)
Duração: 2h 03min.
Gênero: Biografia, Drama e Aventura
Roteiro: Robert Zemeckis.
Produção: Robert Zemeckis, Jack Rapke e Cherylanne Martin.
Direção: Robert Zemeckis.
Elenco: Joseph Gordon-Levitt, Ben Kingsley, Charlotte Le Bon, Clément Sibony, James Badge Dale, Ben Schwartz, Steve Valentine e Steve Valentine.

SINOPSE
A história real do equilibrista Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt), famoso por atravessar as Torres Gêmeas usando apenas um cabo. Mesmo sem ter autorização legal para a arriscada aventura, ele reuniu um grupo de assistentes internacionais e contou com a ajuda de um mentor para bolar o plano, que sofreu diversos obstáculos poder ser finalmente executado. A travessia ocorreu na ilegalidade em 7 de agosto de 1974 e ganhou destaque no mundo inteiro.

Crítica: BoJack Horseman | 2ª temporada

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“I’m not perfect. I’m cynical and I’m possessive. And I can sometimes fly off the handle.  I’m not always the best at being no terrible”.

No início, pode parecer difícil aceitar e abraçar  BoJack Horseman.  O visual soa simplista demais, o humor desfocado (é complicado entender quem é realmente seu público alvo) e o protagonista um narcisista babaca. Porém, com o passar dos episódios, é impossível não mergulhar completamente nas maluquices da série e seu universo.

Depois de entender onde os criadores do programa estavam querendo ir, se entende também as decisões por eles tomadas e chega a ser surpreendente analisar suas primeiras impressões sobre a série e notar o quão equivocadas e preconceituosas eram. Sim, o design de produção continua simplista, o tom cômico continua um mistério e BoJack continua como um personagem moralmente falho. A diferença é que todas essas características, aos poucos, deixam de ser problemas e passam a ser particularidades únicas (ainda que bizarras).

A primeira temporada fez o público – que persistiu na narrativa – passar por essa transformação: enquanto o personagem-título passava por uma profunda autodescoberta, enquanto sua autobiografia era escrita, estávamos nos acostumando em passar horas dentro de um universo onde animais antropomorfizados vivem normalmente na sociedade. E mesmo com excelentes personagens coadjuvantes, os doze primeiros episódios se preocupavam mais em desenvolver BoJack e sua relação com Diane (e consigo mesmo, é claro). Essa segunda temporada, no entanto, consegue desenvolver uma narrativa que, mesmo não abandonando os problemas existenciais de seu personagem-título, dá um espaço maior para seus coadjuvantes e para as relações entre eles. 

E mesmo sendo hilária, madura e extremamente original, a galeria de personagens é a melhor coisa dentro de BoJack Horseman. A maioria deles são extremamente narcisistas e egoístas, outros são apenas personagens problemáticos e disfuncionais. Em outras palavras, é difícil encontrar alguém inteiramente justo, bem-intencionado ou irrepreensível dentro do universo proposto. E por mais incrível que isso pareça, é um excelente sinal. Afinal, é a prova do quão complexos e multifacetados são aqueles personagens. BoJack é o perfeito exemplo disso: essa é uma pessoa (ou melhor, cavalo) que no fundo é boa. A verdade é que ele apenas adaptou sua personalidade ao ambiente em que vive. Seus princípios e sua benevolência foram, de certa forma, sacrificados para atingir seus objetivos na vida em Hollywood (e o décimo primeiro episódio desta temporada explora com perfeição esse aspecto). Em outras palavras, BoJack pode ser encarado sim como um panaca egocêntrico, mas talvez a forma mais correta de vê-lo é como alguém que simplesmente fez decisões erradas, pensando mais em sua imagem do que em sua felicidade. E o impacto ruim que tem às pessoas à sua volta acaba criando um círculo vicioso de autodestruição e depressão.

Mas BoJack não é a única figura interessante na narrativa. Diane, por exemplo, é alguém que surge no primeiro momento como uma espécie de bússola moral. Por isso, chegar à conclusão de que só a vemos assim porque aqueles ao seu redor são ainda mais frágeis e desprezíveis, é um conceito profundamente maduro que a série apresenta. E a relação da personagem com Mr. Peanutbutter – que sofre por significantes reviravoltas no decorrer desta temporada – é um elemento que traz à tona todas as suas camadas mais profundas (e falhas). Todd, por outro lado, pode ser visto como o personagem mais moralmente correto e ajustado (mesmo levando em consideração o fato de que vive no sofá de BoJack). E talvez seja por sua ingenuidade/pureza que Todd é constantemente ignorado e ridicularizado pelos amigos. E se Princess Caroline continua uma personagem adorável, incrivelmente energética e tão problemática quanto o restante do grupo (neste caso, é impossível não notar  as proporções imensas que sua profissão tem em sua vida), a adição de Wanda é mais do que bem vinda. 

E ainda que a construção de personagens seja o principal atrativo de BoJack Horseman, o lado cômico da série também é admirável. O roteiro insiste nas ótimas piadas que brincam com a espécie dos personagens (há um momento em que um dos personagens solta um“precisamos conversar sobre o elefante na sala” e acaba ofendendo um elefante que realmente estava na sala) e que compõe a principal fonte de humor no programa. Mas a verdade é que, no geral, é impossível prever de onde ou como uma piada pode surgir: Há brincadeiras com os elementos que compõe Hollywood (uma recorrente com Drew Barrymoreé, particularmente, memorável), há piadas que funcionam por conta da repetição (uma envolvendo com um cabo no chão do set de filmagem do filme Secretariat funciona puramente por seguir o clássico padrão de ‘pista e recompensa’) e há aquelas que são apenas jogos de palavras (por isso, assista no áudio original. Vi algumas cenas com a dublagem em português e maior parte das piadas se perdem completamente).

Além disso, mesmo parecendo boba e infantil em uma primeira passada de olhos, a série é profundamente adulta. É claro que é possível entreter crianças com as gags visuais (mesmo não sendo recomendável), mas alguns dos momentos mais engraçados ou inventivos da narrativa são extremamente sutis e complexos. Ao longo desses doze episódios, BoJack Horseman falou sobre o controle da mídia sobre a opinião pública, sobre o quão reprovável são os atos de abatedores de animais, sobre nossa dependência absoluta de tecnologia e sobre a (má) qualidade de programas de televisão atuais (a lista é imensa, acredite se quiser), ao mesmo tempo que usa de sutileza para brincar com assuntos um pouco mais “pesados” (em determinado momento, Wanda – que acabou de despertar de um longo coma – diz‘eu não faço sexo há vinte anos. Ou pelo menos eu espero’).

Contando com um elenco de vozes simplesmente sensacional (mais um motivo para ver a série em seu áudio original),  BoJack Horseman  cresceu nesse segundo ano. Mesmo não tendo um arco tão nítido e organizado quanto a primeira (o que não é necessariamente ruim), esta segunda temporada é engraçada,  nonsense e madura. E diferente do que a primeira impressão pode passar, este é ótimo estudo de personagem (um dos mais criativos e eficientes entre as séries atuais, na minha opinião). E dizer isso sobre uma série animada envolvendo animais falantes é mais que surpreendente, é um deleite.
Nota Final ★ ★ ★ ★ (Excelente)
Texto Escrito por Gabriel Pinheiro
Revisão Textual por Bruna Campos
FICHA TÉCNICA
Lançamento: 2015.
Episódios(s): 12 capítulos.
Gênero: Comédia e Animação
Duração: 25 min. por episódio
Elenco (vozes): Will Arnett, Aaron Paul, Amy Sedaris, Alison Brie e Paul F. Tompkins.
Criador (es): Raphael Bob-Waksberg.

SINOPSE
BoJack (Will Arnett) é um decadente cavalo que trabalha na TV. Uma estrela já esquecida de um seriado da década de 1990 chamado Horsin' Around, ele disfarça sua baixa auto-estima com uísque e relações fracassadas. Com a ajuda de Todd (Aaron Paul), seu parceiro humano, e a ex-amante Princesa Caroline (Amy Sedaris), ele quer deixar novamente a sua marca no mundo do entretenimento. 

Crítica: A Colina Escarlate (2015)

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Do diretor orquestrador de gêneros, Guillermo Del Toro, chega mais um filme que apesar de manter uma coerência de gêneros, peca em fatores básicos. 

Primeiro, vamos resumir a história. Edith Cushing (Mia Wasikowska), uma aspirante a escritora, busca publicar seu livro que narra uma história com fantasmas. A própria Edith possui um dom de ver fantasmas, manifestado quando ela tinha dez anos e viu o fantasma da mãe, que a alertou a respeito do perigo da colina escarlate. Edith não é levada a sério por ser mulher e precisa driblar as barreiras do machismo, nisso tem a ajuda de seu pai, Carter Cushing (Jim Beaver), que sempre a apoia de coração. Além de seu pai, Edith pode contar com um amigo leal, por quem seu pai tem muita afeição, o doutor Alan McMichael (Charlie Hunnan ou, como este crítico prefere o chamar, o Channing Tatum da Europa), e que sente uma grande afeição por Edith, talvez até amor.

Nenhum dos dois porém parece entender o que Edith quer com seu livro e aí surge, num momento totalmente conveniente, já mostrando um de muitos furos do roteiro, um homem maravilhoso, europeu, lindo e perfeito, que entende o livro de Edith, e este homem é Thomas Sharpe (Tom Hiddelstom). Thomas possui uma irmã que sempre está com ele, Lucille Sharpe (Jessica Chastain), e que o ajuda a conduzir seus negócios e fechar seus acordos. Obviamente após um homem finalmente entender o livro de Edith, e como se trata de um péssimo roteiro, ela se apaixona por ele de cara e eles se casam. O pai de Edith era contra essa união mas ele foi convencido a mudar de ideia. Após se casarem ela se muda para morar com ele na Inglaterra e depois de algum tempo descobre que o lugar onde ela mora agora se chama (tan tan tan tan!) Colina Escarlate. Isso indica que as palavras da mãe de Edith eram um aviso, e outros fantasmas também vão surgir para avisar sobre outras coisas mas não vai adiantar nada. É terror e o roteiro é ruim, não há o que se fazer.

O gênero é terror, mas como Del Toroé um diretor de vários gêneros, o tom fica mais suave, misturando-se no mesmo um romance trágico, um filme de suspense, um filme policial, mas a atmosfera de terror se mantém sempre. Mesmo havendo um bom domínio da questão dos multi-gêneros, o terror do filme possui a mesma pegada do O Labirinto do Fauno (2006), que pode ser descrita como um filme de terror para crianças, ou um conto de fadas de terror. A diferença é que ao invés de um conto de fadas é um romance no estilo Jane Austen, de terror. Pela direção o filme merece todo mérito pois tudo funciona e se complementa muito bem, a qualidade desse tudo porém tira um pouco da experiência do filme.

O roteiro, pra começar, é cheio de furos, cheio de recursos baratos e preguiçosos. Primeiro, a mãe de Edith e todos os outros fantasmas de repente tem a capacidade de ver o futuro pois a avisam sobre coisas que não aconteceram ao invés de falar sobre coisas do presente, o que ajudaria mais na atmosfera de terror. Segundo, é o clássico mas já batido recurso chamado de MacGuffin, que é uma introdução de um elemento no roteiro que é irrelevante para a história principal mas precisa existir para que se chegue nela. O MacGuffin desse filme é o livro de Edith, que é relevante nos primeiros minutos do filme mas depois perde totalmente a relevância.

Um filme que é o grande exemplo da utilização desse recurso é Psicose (1960), inclusive fica no ar muita coisa que parece fazer referência ao clássico de Hitchcock, sendo o próprio McGuffin uma referência talvez proposital. O segundo filme que este parece fazer referência é O Iluminado (1980), pelo fato de a protagonista ser uma escritora, ter visões e pela cena de conflito final se dar com armas brancas na neve após uma perseguição sangrenta pelo casarão. O clássico de Kubrick também parece ter influenciado o design dos fantasmas nesse filme, que também é o design da fantasma do filme produzido por Del Toro chamado Mama (2013). 
No filme O Iluminado existe uma cena onde o personagem de Jack Nicholson entra em um banheiro onde tem uma mulher idosa absolutamente assustadora, ela poder ter sido uma inspiração nesse sentido, mas é apenas um palpite. Também existe uma estética emprestada do clássico de Kubrick que é o movimento de câmera fantasmagórico e lento pelos corredores, revelando monstros e caminhos que os personagens trilham, os corredores e espaços lineares longos, que são uma marca registrada de Kubrick, e também estão nesse filme.

Agora a atuação. Mia Wasikowskaé a aprendiz padawan de Keira Knightley na arte de ser mega gatinha e ficar linda de vestidos mas não ter uma atuação poderosa. Ambas acabam ficando muito bem em papéis trágicos/românticos justamente porque elas não tem o papel de carregar as cenas ou a história, mas sim serem carregadas pelo inevitável. Isso também as torna ideais para filmes de época já que sua atuação sutil reflete uma certa verdade da época, de muitos floreios e dramas discretos. 

Agora Jessica Chastain, para o papel que ela precisa encarnar, cai como uma luva aqui justamente por ela possuir essa potência na atuação e ser a personagem que carrega a história enquanto a personagem de Wasikowska pega carona na potência dela. Isso não quer dizer que a atuação de Miaé ruim, ela só não é forte para uma protagonista, coisa que é vício do gênero infelizmente, e da simbologia das cores de cabelos, porque as loiras estão nos filmes para serem lindas e as morenas estão nos filmes para serem fodas. 

Tom Hiddleston parece também preso a um arquétipo de personagem, pois ele é o camaleão, da mesma maneira que seu personagem Loki nos filmes da franquia Marvel, aquele personagem que você nunca sabe se está do lado do bem ou do mal. Pouco a pouco vai se revelando de que lado ele está e vai nos conquistando no processo, porque ele é muito bom nisso. A atuação de Hiddleston deixa claro que a sutileza presente no tom do filme impera como uma estética, pois seu grande sorriso e grandes olhos não se destacam em momento algum. Quanto ao Channing Tatum da Europa não há reclamações, ele atua bem e faz uma boa contraparte ao personagem de Hiddleston e a coisa mais legal disso é que ao invés de eles virarem rivais, viram amigos.

Um filme que faz um bom uso das ferramentas clássicas do terror e que, principalmente, não tem jumpscares baratos, e isso já vale o ingresso com certeza. Recomendado.
Nota  (Bom)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 15 de Outubro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Crimson Peak (2015)
Duração: 1h 59min.
Gênero: Terror, Drama e Romance
Roteiro: Guillermo del Toro e Matthew Robbins.
Produção: Thomas Tull, Jon Jashni e Guillermo del Toro.
Direção: Guillermo del Toro.
Elenco: Mia Wasikowska, Tom Hiddleston, Jessica Chastain, Charlie Hunnam, Jim Beaver, Burn Gorman, Leslie Hope e Doug Jones.

SINOPSE
Apaixonada pelo misterioso Sir Thomas Sharpe (Tom Hiddleston), a escritora Edith Cushing (Mia Wasikowska) muda-se para sua sombria mansão no alto de uma colina. Habitada também por sua fria cunhada Lucille Sharpe (Jessica Chastain), a casa tem uma história macabra e a forte presença de seres de outro mundo não demora a abalar a sanidade de Edith.

Especial de Halloween - Parte 1

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Hoje no Portal Crítico, começaremos a maratona de Especial de Halloween. Onde a nossa equipe separou alguns filmes para você apreciar com seus amigos, família e companheiro (a) no Dia das Bruxas.

Já avisando que é uma lista pessoal, cada um escolheu filmes que marcaram e que são ótima dica para uma sessão de horror. Também não colocamos ordem de qual é o melhor, apenas estamos aqui para indicar filmes bons.

• Brinquedo Assassino (1988) - Clássico filme dos anos 80, no qual um garoto foge de um serial killer preso no corpo de um boneco. Teve algumas continuações, porém toda a originalidade, suspense e terror são vistos apenas no primeiro da franquia.

• Invocação do Mal (2013)- Filmes de espíritos que assombram casas americanas já se tornou um assunto batido e cansativo, talvez desde Poltergeist. Entretanto, a essência do medo presente em Invocação do mal é algo único e à muito não visto.

• O Exorcista (1973) - Filme que tirou o sono de muita gente, foi baseado no livro homônimo, escrito por William Peter Blatty. Após mais de 30 anos continua a ser um clássico de terror, com linguagem e efeitos bem atuais. A direção de William Friedkin, acompanha a história de uma garota de 12 anos que é possuída pelo demônio Pazuzu.

• Bad Moon (1996) - Talvez o único filme sobre lobisomens que realmente passe algum terror. Um grande mérito para a produção está na caracterização da criatura. Enquanto filmes mais recentes apostam na utilização do CGI, a equipe de Bad Moon utilizou animatronicos na criatura.

• A Viagem Maldita (2006) - Refilmagem de The Hill Have Eyes, filme de 1977, a viagem maldita traz uma história perturbadora, onde uma quadrilha de deformados (efeito da radiação de testes nucleares) assombram uma típica família americana que estão cruzando os EUA. As estética do filme lembra muito a refilmagem de O Massacre da Serra Elétrica.

• Natal Negro (1974) - Dirigido por Bob Clark. Provavelmente tenha sido o primeiro do subgênero Slasher. O filme acompanha um assassino que escapa de um sanatório e se esconde dentro do sótão de uma república feminina onde fica fazendo ligações e matando as garotas. Nota 10

• Hellraiser (1978) - Dirigido por Clive Barker. Conta a história de Frank que compra uma antiga relíquia chamada Configuração do Lamento e ao abri-la libera seres chamados cenobitas que destroçam seu corpo numa mistura de prazer e dor. Aborda temas como sadomasoquismo e religiosidade.

• Triângulo do Medo (2009) - Dirigido por Christopher Smith. Filme inglês que conta a história de um grupo de amigos que ficam à deriva depois de uma tempestade e encontram um cruzeiro sem ninguém a bordo. Logo depois são atacados por um assassino mascarado.

• Mártires (2008) - Dirigido por Pascal Laugíer. Clássico contemporâneo francês conta a história de 2 garotas que buscam vingança contra aqueles que sequestraram-nas quando crianças. Essencial.

• O Massacre da Serra Elétrica (2003) - Ok, não é um bom filme. Através dele que comecei a me interessar mais a fundo por filmes de terror até chegar ao original. Então guardo esse filme com muito carinho, pois, apesar de não ser um bom filme, me deixou curioso para conhecer mais e mais do divertidíssimo mundo do terror.

• Christine - O Carro Assassino (1983) - Christine entrou na minha vida pelo finado "Cinema em casa" do SBT naquele tempo em que se passavam filmes impróprios para crianças a tarde. É um filme tenso, divertido, com clima nostálgico. Não tem como não entrar nessa lista.

• Pânico (1996) - Minha relação com Wes Craven deve ter começado na adolescência com Pânico. Assistir era um prazer e ao mesmo tempo era assustador. Hoje é um dos filmes de terror que mais gosto. Daqueles que dão maior prazer em rever sempre (não só o primeiro, mas todos os quatro).

• O Iluminado (1980) - Quando comecei a me interessar mais a fundo sobre cinema conheci Stanley Kubrick. Como aprendi a ser um fã de filmes de terror, o primeiro que vi do diretor,  foi O Iluninado. Fiquei fascinado com o clima de tensão que conduz o filme inteiro. Nunca esqueci as sensações de quando assisti pela primeira vez.

BÔNUS

• Enigma do Outro Mundo (1973) - Dirigido por John Carpenter. Clássico da mistura de ficção e terror. Conta a história de um grupo de pesquisadores no Ártico que são atacados por um alienígena.
Texto Escrito por Daniel Lopes, Flávio Reis e Lucas Silva
Revisão de Texto por Kamila Wozniak

Especial de Halloween - Parte 2

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Na segunda parte, a penúltima, Jonathan Humberto trouxe 5 filmes clássicos e horripilantes para você assistir com seus amigos, família e companheiro (a) no Dia das Bruxas.

• A Profecia (1976) -É um filme que fala a respeito da vinda do filho do Anticristo à Terra para causar morte e destruição por onde passa. Não obteve o mesmo êxito no quesito boca-a-boca que O Exorcista da mesma década, mas na opinião de alguns é bem mais macabro e inquietante que o filme de William Friedkin. Rodeado de coincidências bizarras e mortes nos bastidores, é sem sombra de dúvidas um dos filmes mais pessimistas e perturbadores já feito até hoje. 

• Halloween (1978) - John Carpenter criou um ícone não só do cinema slasher, como do gênero horror em geral. Halloween (1978) trouxe Michael Myers pela primeira vez às telonas, em uma história repleta de suspense e tensão. Após assassinar a própria irmã ainda na infância, Michael passa 15 anos em um manicômio e acaba fugindo de lá em uma noite chuvosa de Halloween. Com uma trilha sonora absurdamente clássica e inesquecível composta pelo próprio diretor do filme, esse se torna um filme obrigatório para qualquer pessoa que se considere fã de terror. 

• Sexta-feira 13  (1980) -É aquele típico filme que não é preciso comentar nada a respeito de sua história, ela tem vida própria no imaginário popular; até mesmo que quem nunca viu o filme original. Jason Voorhees é um dos assassinos mais famosos do cinema, e sua presença é imprescindível em qualquer lista do gênero. Contudo, se engana quem pensa que esse primeiro filme também traz a presença desse imortal assassino. O psicopata desse longa original é outro e é ai que está a diversão de tudo. Imperdível. 

• Pânico (1996) -É um filme que revolucionou o subgênero slaher movies nos anos 90, e foi o precursor da avalanche de filmes similares que se seguiram logo após seu lançamento. Foi uma homenagem e ao mesmo tempo uma sátira aos filmes de terror repleta de personalidade. Com perseguições de tirar o fôlego e assassinatos brutalmente criativos, Wes Craven fez aqui um dos melhores trabalhos de sua carreira. 

• Invocação do Mal (2013) -É sem dúvidas o filme de terror mais famoso dessa década, e, curiosamente, talvez seja o melhor do gênero de 2010 pra cá. James Wan pegou todos os clichês do gênero casa mal-assombrada e usou a seu favor, criando uma atmosfera de tensão irretocável. A direção é afiada e consegue criar sustos imprevisíveis até mesmo em quem já está acostumado aos inúmeros filmes desse tipo. É uma pena que seja preciso esperar pelo menos 5 anos para que uma obra do mesmo calibre surja novamente no gênero. 

Crítica: 007 - Contra Spectre (2015)

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O filme inicia com um plano-sequência sensacional, extremamente elaborado, depois emenda em uma sequência de perseguição à la Jason Bourne, câmera tremida, no meio da população da cidade, muita excitação. O vilão, que não sabemos quem é, e provavelmente não importa de qualquer forma, entra num helicóptero que surgiu depois de um telefonema mas infelizmente para ele, James Bond (Daniel Craig), entra logo atrás. O embate no helicóptero em pleno ar é de tirar o fôlego, extremamente bem filmado e editado, porrada e mais porrada, todos menos James Bond morrem, o helicóptero despenca para a inevitável morte, “será que nosso herói escapará dessa com vida?”,“DÃ!!!”

Entra a abertura clássica que, diferente de Skyfall (2012) onde a narrativa que a precede introduz a temática do filme que a abertura clássica introduz maravilhosamente, com efeitos especiais bonitinhos e música pop, não existe referência prévia pra te imergir na música nem no tema do filme. Por essa lógica, o filme já começa errado porque ele não tem tema, pior, ele vai contra o crescente que vem vindo, o amadurecimento do personagem de Bond, que em Skyfall estaria mais velho, mais abatido pelo tempo, e nos mostra um James Bond que parece nada com o Bond abatido do filme anterior. Esse filme só na abertura já parece um Quantum of Solace parte 2.

A narrativa deslancha do modo tradicional de filmes de espionagem britânicos, muita burocracia, politicagem, “trairagem”, “maracutaias”, vilões envolvidos com mocinhos e etc. O filme dá um tiro de bazuca no próprio pé ao nos apresentar um roteiro que é absurdamente ofensivo de tão mal executado. O roteiro parece que se perde entre manter a nova essência do James Bond de Daniel Craig, mais humano e propenso a erros, e resgatar a antiga essência dos outros James Bond, um James Bond mais glamoroso e indestrutível. Depois de Skyfall faria mais sentido que esse filme fosse sobre dois velhos de guerra, Bond e Oberhauser (Christoph Waltz), e como ambos percebem que estão velhos demais para esse jogo, e que o jogo mudou. O roteiro parece querer que Bond vença a qualquer custo, tirando o impossível de dentro da cartola e também parece querer fazer uma média com o público feminino, não deixando as personagens femininas nuas, nem as matando, nem as transformando em traidoras. Parece que o roteiro quer agradar todo mundo e não quer contar uma história. 

As motivações dos heróis e dos vilões são tão maçantes, tão adolescentes, tão simples de resolver com um telefonema e duas cervejas que as explosões e tiroteios parecem muito excesso de drama másculo por pouca coisa. As pessoas são tão carentes que transam duas vezes e se apaixonam perdidamente e aí o roteiro vai lá e introduz aquele bom e velho clichê do herói que precisa saber a hora de parar e “estabelecer raízes”. Outro clichê que vem é o de o roteiro querer amarrar todas as tramas dos filmes anteriores a esse pra forçar toda a baboseira a fazer sentido, mas nem explicar o que é e como funciona cada coisa no filme em si eles fazem. É um mal de filmes britânicos, falam uma vez da coisa e se você pegou você pegou, se não vai ficar boiando o resto do filme. É um mal que esse filme falha em executar bem, e a coisa se torna um monte de nomes que você não sabe a quem se referem e nem liga e é isso.

O filme é visualmente estonteante, tanto na composição simbólica da fotografia, estabelecendo a força das personagens, dos antagonistas, a beleza das mulheres, os conflitos, as dificuldades, tudo isso através de luz e posicionamentos espaciais. Visualmente o filme prende, atrai, estimula e agrada com belas composições com uma forte simbologia fácil de perceber, ilustrativa, que reforçaria o aspecto narrativo do roteiro – caso esse existisse. 

O filme força um pouco a barra quando a composição inclui a personagem Madeleine Swann (Léa Seydoux), colocando a personagem virada de costas para a câmera ou trocando as vestes da personagem para uma camisola por mera conveniência, parece. Com a personagem Lucia Sciarra (Monica Bellucci) o foco é maior em seu rosto e se enfatiza a troca de diálogo entre ela e Craig, e talvez não haja interesse em nada abaixo de seu pescoço pelo fato de a atriz já estar com as linhas da idade claras em seu rosto. 

A construção que a imagem faz dos personagens é interessante, mas decepcionante, sendo a mais decepcionante a de Oberhauser, o vilão do filme, que é poderoso e imponente, misterioso, no início, e vai sendo desconstruído pouco a pouco, ferido, subjugado, até sua máscara rachar. A máscara nesse caso é traduzida na maquiagem em seu rosto que o deixa com uma grande cicatriz no rosto. O problema na queda de Oberhauser é justamente o fato de parecer que Skyfall nunca existiu, que Bond não está decadente, no fim de carreira, e seriam ambos lutando em um mundo forte demais para eles. Bond parece estar no auge da forma, pronto para amar de novo, pronto para salvar o mundo mais incontáveis vezes, ou seja, zero verossimilhança. 

A direção de arte de forma geral é igualmente estonteante, estabelecendo paletas de cores variadas dependendo do momento do filme e rejuvenescendo nosso olhar a cada nova mudança de localidade. Aí fica claro que a fotografia e a direção de arte estão desesperadamente buscando redimir a bagunça catastrófica que é o roteiro e o diálogo do filme, coisa que eles passam longe de fazer.

Um filme bom pra você deixar passando de fundo quando estiver dando uma festa.
Nota  (Ruim)
Texto Escrito por Lucas Simões
Revisão de Texto por Lucas da Silva
Lançamento 05 de Novembro de 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Spectre (2015)
Duração: 2h 30min.
Gênero: Ação e Espionagem
Roteiro: John Logan, Neal Purvis, Robert Wade, Jez Butterworth, Neal Purvis, Robert Wade, Ian Fleming, John Logan, Neal Purvis e Robert Wade.
Produção: Barbara Broccoli e Daniel Craig.
Direção: Sam Mendes.
Elenco: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ben Whishaw, Naomie Harris, Dave Bautista, Monica Bellucci e Ralph Fiennes.

SINOPSE
James Bond (Daniel Craig) vai à Cidade do México com a tarefa de eliminar Marco Sciarra (Alessandro Cremona), sem que seu chefe, M (Ralph Fiennes), tenha conhecimento. Isto faz com que Bond seja suspenso temporariamente de suas atividades e que Q (Ben Whishaw) instale em seu sangue um localizador, que permite que o governo britânico saiba sempre em que parte do planeta ele está. Apesar disto, Bond conta com a ajuda de seus colegas na organização para que possa prosseguir em sua investigação pessoal sobre a misteriosa organização chamada Spectre.

Crítica: Late Phases (2014)

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Vivemos um período difícil para o cinema de terror. O assustar passou a ser concreto em assuntos mais psicológicos e sociais. Apostar na fantasia, com seres sobrenaturais vem se tornando cada vez mais um tiro no escuro. O grande público já não se assusta tão facilmente e o que um dia foi motivo de vômitos e choro dentro de cinema se tornou piada e clichê.

Late Phases, filme de 2014 dirigido por Adrián García Bogliano, coloca a grande lenda do Lobisomem em uma perspectiva mais dramática e investigativa. 

Crescent Bay não é o lugar ideal para alguém passar seus anos dourados, especialmente desde que a outrora idílica comunidade foi atingida por uma série de ataques mortais de animais vindos da ameaçadora floresta ao redor. Quando o veterano de guerra Ambrose McKinley é forçado a se mudar para o local com seu filho, Will, os residentes imediatamente se ofendem com a personalidade mordaz de Ambrose. Mas essa atitude impiedosa pode ser justamente o que ele precisa para sobreviver, uma vez que fica claro os ataques.

A construção das cenas é onde esta a chave para o suspense e o drama. Grande parte do filme, o diretor optou pela técnica de Steven Spielberg em Tubarão (1975), deixar a criatura nas sombras para o público, hora mostrando partes do corpo, hora mostrando a silhueta. Essa técnica quebrou em determinada parte do filme, quando os efeitos de maquiagem não conseguem sustentar o horror que um lobisomem certamente é, pecando em mostrar o animal de corpo inteiro e em movimentos humanoides, deixando claro ser um ator numa fantasia de halloween. 

Com o desenrolar do filme, essa mancada é consertada, porém vez ou outra escorrega na mesma armadilha. A fotografia de Late Phases confunde um pouco, fazendo o filme parecer sempre estar a noite ou no final da tarde. As cenas noturnas são perfeitas em sombras e luzes, mas as de“dia” dão um pouco de desconforto. Proposital ou não, talvez isso não cole muito no filme.

Late Phases é uma ótima nova clássica perspectiva da lenda do Lobisomem. Erros técnicos fazem o filme perder a linha, o que não significa que saia totalmente do caminho.
Nota  (Ótimo)
Texto Escrito por Daniel Lopes
Revisão de Texto por Kamila Wozniak
Lançamento 2015
FICHA TÉCNICA
Nome Original: Late Phases (2014)
Duração: 95min.
Gênero: Drama e Terror.
Roteiro: Eric Stolze.
Produção: Zak Zeman, Larry Fessenden e Brent Kunkle.
Direção: Adrián García Bogliano.
Elenco: Nick Damici, Al Sapienza, Caitlin O'Heaney, Erin Cummings, Ethan Embry, Haythem Noor, Kareem Savinon e Karen Lynn Gorney.

SINOPSE
Crescent Bay não é o lugar ideal para alguém passar seus anos dourados, especialmente desde que a outrora idílica comunidade foi atingida por uma série de ataques mortais de animais vindos da ameaçadora floresta ao redor. Quando o veterano de guerra Ambrose McKinley é forçado a se mudar para o local com seu filho, Will, os residentes imediatamente se ofendem com a personalidade mordaz de Ambrose. Mas essa atitude impiedosa pode ser justamente o que Ambrose precisa para sobreviver, uma vez que fica claro os ataques.
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